Alexandre Zaghi Lemos
23 de junho de 2017 - 8h59
Philip Thomas: “consultaremos todos os líderes criativos globais, chefes de holdings e outros parceiros”
Preocupada com as informações de diminuição de investimentos no evento – sobretudo a do Publicis Groupe, que anunciou que não participará em 2018 –, a organização do Festival Internacional de Criatividade de Cannes anunciou a criação de um comitê consultivo, que reunirá líderes de anunciantes, agências e empresas para discutir recomendações para as próximas edições, incluindo custos e estrutura do evento.
Segundo comunicado oficial, o objetivo do comitê será “moldar o futuro do Festival e garantir que continue respondendo às necessidades da indústria”. Estarão no comitê executivos como Marc Pritchard, executivo-chefe de marca da Procter & Gamble; Keith Weed, diretor de marketing e comunicação da Unilever; Fernando Machado, diretor global de marca do Burger King; Fiona Carter, chief brand officer da AT&T; e Jan Derck Van Karnebeek, diretor comercial da Heineken. Novos membros serão anunciados em breve.
“Além dos clientes que se ofereceram para ajudar a moldar o futuro do Festival, nós – como de costume – consultaremos todos os líderes criativos globais, chefes de holdings e outros parceiros”, diz Philip Thomas, CEO da Ascential, dona do Cannes Lions. Segundo ele, novos membros serão anunciados em breve e a primeira reunião deve acontecer nas próximas semanas, logo após o encerramento da edição deste ano. “Estamos ansiosos para compartilhar as recomendações do comitê com a comunidade criativa global”.
Segundo Pritchard, da P&G, esse “é o momento certo para dar um passo atrás e dar uma olhada no melhor caminho para o evento, a fim de ter a melhor plataforma possível para a criatividade em nossa indústria”. Segundo ele, “a P&G está pronta e disposta a ajudar”. O mesmo disse Van Karnebeek, da Heineken: “Estamos empenhados em ajudar onde pudermos para traçar o caminho certo para o Cannes Lions”.
Não por acaso, P&G e Heineken são dois dos maiores clientes globais do Publicis Groupe, que durante a semana jogou um balde de água fria no Cannes Lions, ao antecipar a ausência no ano que vem da holding que é o terceiro maior grupo participante, com investimento anual no festival estimado em mais de US$ 2 milhões. Outros grupos globais também repensam sua relação com o festival.
Além disso, a edição de 2017 já começou com um dado preocupante: uma queda de 4,5% no total de peças inscritas nos 23 júris do festival. Como cada envio é pago, essa diminuição pode afetar o faturamento do evento, mesmo considerando o aumento nas taxas em 2017: uma inscrição no festival variou de R$ 1.700 até R$ 6 mil.
Os números desse ano ainda não estão fechados porque o evento só termina amanhã à noite, mas no ano passado a Ascential faturou cerca de R$ 215 milhões com o evento, o que representa alta de 18% em relação ao resultado financeiro da edição anterior.