Goodby e Silverstein: marcas, relaxem um pouco
Homenageada com o Leão de São Marco, dupla defende o humor e a importância de manter-se jovem na publicidade
Goodby e Silverstein: marcas, relaxem um pouco
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Isabella Lessa
21 de junho de 2019 - 16h37
Pelo legado construído na Goodby, Silverstein & Partners como dupla criativa ao longo de três décadas, como a até hoje mencionada campanha “Got Milk?”, Jeff Goodby e Rich Silverstein receberam o Leão de São Marco nesta sexta-feira, 21. Em uma breve sessão com jornalistas no Media Centre, na sala de imprensa do Palais, eles relembraram o início da carreira no jornalismo, a importância do ofício para a comunicação e criticaram a proliferação de marcas que querem salvar o mundo.
Ainda que defendam a importância de as marcas terem consciência, alertam que é preciso dosar a corrida pela vontade de salvar o mundo. “Relaxem um pouco. Todo mundo quis salvar o mundo este ano, no ano que vem vão querer outra coisa”, comentou Jeff, acrescentando que marcas com senso de humor terão mais impacto na via do consumidor. Na visão dele, nem todo produto vai salvar o mundo. Para Jeff, a tendência pela busca de propósito começou há alguns anos e não é uma ambição ruim, mas às vezes não é apropriada ou conectada. “Às vezes papel higiênico é engraçado simplesmente por ser papel higiênico. Às vezes o produto ser tratado pelo que é soa mais apropriado”, afirmou.
O que tem chamado a atenção de Jeff e Rich na comunicação são as séries produzidas por Amazon, Hulu e Netflix e o fato de que, em breve, todas as marcas serão seu próprio canal, o que criará uma nova oportunidade para o storytelling.
Do jornalismo à criação
Antes de fundarem a agência que leva o sobrenome de ambos no começo da década de 1980, Jeff e Rich trabalharam com jornalismo: o primeiro como repórter e o segundo como diretor de arte. Antes de se conhecerem, tomaram rotas parecidas em direção ao mercado publicitário até os caminhos se cruzarem na Ogilvy & Mather.
Apesar de terem deixado as redações de revistas e jornais, a dupla contou que foi justamente o jornalismo que os levou a fazer publicidade. “Sempre tentamos fazer o trabalho sob um ponto de vista jornalístico”, disse Jeff. Sobretudo nos dias de hoje, o criativo disse que a verdade é mais necessária do que nunca.
“Estávamos torcendo pelo New York Times como marca e imagino que o resto da indústria também”, comentou Jeff, referindo-se ao case “The Truth is Worth It”, premiado pelo festival neste ano.
De acordo com a dupla, eles sempre estiveram atrás de boas histórias pelo mundo para utilizá-las na publicidade, em vez de estudar a profissão ou prestar muita atenção ao que outras agências estão fazendo. Algo que, de acordo com Rich, é algo que acontece com frequência em Cannes.
Sobre a ascensão do PR, eles acreditam que a categoria cresceu graças à mídia digital. Quando Jeff era jornalista, contou que nem lia os releases que recebia. “Hoje, as pessoas de PR chegam em você de formas que você não consegue evitar por diversos meios. Elas se perguntam sobre o que é importante, sobre o que as pessoas vão se importar”, afirmou Jeff. Dentro da agência, essa lógica sobre o que importa é criar cultura popular utilizando verdades não manipuladas.
Forever young
A dupla adentra a casa dos 70 anos defendendo um espírito de reinvenção, alertando que é preciso trazer jovens para criação. Rich aconselhou os mais jovens a procurarem empresas que se importem com as pessoas, enquanto Jeff, se pudesse dar um conselho a si mesmo quando era jovem, é a de não ter concepções formadas sobre como deve ser a própria carreira. “Abra os olhos para coisas que estão ao redor, às vezes não notei oportunidades que estavam bem ao meu lado porque estava muito focado nas coisas que eu amava”.
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