Inscrições totais caem 4,5%, mas Brasil envia 7,7% mais peças

Alexandre Zaghi Lemos
16 de junho de 2017 - 10h40

Foto: Eduardo Lopes

Pela primeira vez desde 2009, a edição de 2017 do Festival Internacional de Criatividade de Cannes que começa neste sábado, 17, terá menos peças concorrentes que a do ano anterior. A queda global foi de 4,5%, das 43.101 inscrições de 2016 para 41.170 neste ano – ou seja, 1.931 trabalhos a menos. Apesar disso, o total de concorrentes de 2017 é o segundo maior da história (2,6% maior que o de 2015). Veja, abaixo, o quadro de inscrições por áreas em 2017.

Em relação aos países participantes, o festival lamenta a presença “ligeiramente menor” (queda de 2%) do Reino Unido e de outros países da Europa Ocidental, como a Alemanha (-9%), a Espanha (-5,5%) e a França (-3%), mas comemora aumento nas inscrições de China (+8%), Emirados Árabes Unidos (+45%) e América Latina, neste último caso puxadas pelo Brasil, que depois dos 2.805 trabalhos concorrentes em 2016 (o menor número desde 2011), enviou 3.020 em 2017 – alta de 7,7%.

Os Estados Unidos seguem como maiores concorrentes, com 9.534 inscrições, o que significa oscilação de -1,7%. No quadro geral, o Brasil foi novamente o terceiro País que mais inscreveu, atrás também do Reino Unido (3.150 trabalhos). Outros competidores importantes também diminuíram suas presenças: Japão (-20%), Austrália (-19%) e Índia (-7%).

Entre os grandes concorrentes, que enviam mais de mil inscrições, apenas Brasil e China cresceram – além dos Emirados Árabes, estreando nesse seleto grupo de 12 países.

O Lions Health (Health & Wellness e Pharma), em seu quarto ano, cresceu 9%; Glass, em seu terceiro ano, teve 31% mais inscrições; o Creative Effectiveness registrou alta de 59%. O comunicado oficial sobre a queda nas inscrições culpa as categorias voltadas aos “canais tradicionais”. Com menos 13% de concorrentes, a área de Print & Publishing já havia emagrecido 15,5% em 2016, mas Outdoor encara agora uma perda de 12% após alta de 6,5% no ano passado. Entretanto, a maior queda proporcional aconteceu justamente na área de Innovation, uma das grandes apostas de Cannes, que se desenrola com menos 22% de inscritos.

As duas áreas lançadas no ano passado, Digital Craft e Entertainment for Music, tiveram 19% menos inscrições em 2017, o que, segundo a organização, “segue um padrão estabelecido para novas categorias antes de entrarem em um período de crescimento sustentado e estável”.

Simon Cook, diretor de prêmios do Cannes Lions, comenta que cada categoria pode sofrer refluxos e fluxos, “mas ao longo do tempo aprendemos que é sempre melhor ter uma visão de longo prazo”. Ele exemplifica citando o Radio Lions, que terá júri presidido pelo brasileiro Mario D’Andrea, CEO da Dentsu. A queda de 11% em 2016 motivou, segundo Cook, “comentários sobre um declínio no setor”, o que não se comprovou, com alta de 5% nas inscrições em 2017.