Com Baco Exu do Blues, Coala expande projetos de música
Rapper protagoniza projeto gestado junto à AKQA, que inaugura novas frentes de negócios do festival
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Karina Balan Julio
27 de novembro de 2018 - 6h51
“Seu rótulo não toca na minha poesia, eu sou o Kanye West da Bahia”, brada o rapper baiano Diogo Moncorvo, mais conhecido como Baco Exu do Blues, em uma das faixas do álbum Bluesman, lançado na sexta-feira, 23. O disco, uma ode à cultura negra, traz uma série de reflexões sobre o racismo e já nasce com um filme homônimo, concebido pelo próprio Baco e produzido em parceria com a AKQA, a produtora Stink e a plataforma de música Coala.
Citando nomes como o BB King, Jay Z e Jean Michel Basquiat, Baco quer experimentar uma nova estética em que combina música, arte conceitual e conteúdo digital. “Consegui fazer o filme do jeito que queria e sem envolver gravadoras. Já tinha um mini roteiro na cabeça quando algumas músicas estavam prontas. Tenho muita vontade de roteirizar filmes e criar conceito para os projetos”, disse Baco em entrevista.
O filme também marca o reposicionamento do Coala, que além de festival passa a atuar de forma mais ampla em projetos de música. O objetivo, segundo Gabriel Andrade, curador e um dos sócios da plataforma, é que o Coala se torne um catalisador para os projetos de artistas brasileiros midstream como Baco — ou seja, artistas que não sejam totalmente independentes, mas que ainda não alcançaram o público mainstream.
“Este é o primeiro ano em que temos recursos e capacidade para ampliar os projetos, o que reflete a maturidade que o Coala alcançou”, diz Gabriel. O festival teve sua quinta edição neste ano com um dia adicional e viu dobrar seu volume de público, receitas e patrocínios.
Além do festival, o Coala passa a atuar em duas novas frentes. A primeira delas é o Coala Lab, voltada para a experimentação e criação de projetos em diferentes formatos, sejam eventos, ativações ou conteúdos digitais. Os projetos serão viabilizados juntos a parceiros. O segundo investimento será no Coala Records, núcleo que auxiliará artistas na criação de planos de divulgação e estratégia de conteúdo.A estratégia de divulgação para o disco de Baco Exu do Blues, por exemplo, foi toda articulada nas redes sociais. “Queremos fazer poucos projetos e entregá-los de ponta a ponta. Muitos artistas ainda não têm tanto acesso a canais tradicionais, como TV e rádio, mas podem ter muito alcance no digital. A ideia é que sejamos parceiros de negócios para artistas, mas em um modelo mais justo e diferente do das gravadoras”, diz Gabriel.
Marcas parceiras
Fazer a ponte entre artistas de porte médio e marcas também está no escopo do Coala para o próximo ano. Gabriel Andrade afirma que há uma grande lacuna na relação das marcas com artistas independentes. Ainda, para ele, marcas muitas vezes não consideram particularidades musicais regionais e acabam perdendo oportunidades de dialogar com o público de forma assertiva.
“No Brasil, diferentemente de mercados como os Estados Unidos, ainda há poucas empresas intermediando a relação das marcas com artistas midstream. Temos muitos artistas com qualidade absurda e que poderiam gerar histórias muito legais para as marcas”, explica Gabriel.
Baco Exu do Blues também acredita que há espaço para associar o hip hop às marcas, desde que haja coerência no discurso. “Acredito que será interessante fazer projetos com marcas em algum momento, mas com muito cuidado para manter a liberdade criativa”, acrescenta.
Confira o filme Bluesman abaixo:
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