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Como será o mundo em 10 anos

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Ponto de vista

Como será o mundo em 10 anos

Por que esta pergunta vem antes de como será a indústria da comunicação?


15 de maio de 2015 - 2h47

Peter Diamandis tem 53 anos, ele criou a XPrize, a fundação que junto com o Google vai fazer pousar na lua em 2016 o primeiro projeto privado da história (você já pensou o que isso significa?) e é co-fundador da Singularity University.

Há algumas semanas, Diamandis publicou um conjunto de previsões sobre o mundo em 2025. Muita gente pode achar que nenhuma delas tem a ver com o nosso negócio. Eu não penso assim. Até porque nossa indústria não muda antes das pessoas, dos modelos de distribuição, dos modelos de negócio das indústrias de bens de consumo, varejo ou de outras indústrias de serviço. Podemos começar a mudar logo que os sinais de transformação surgem, quando identificamos os novos comportamentos em pequenos grupos, ou quando prevemos que eles estão por vir depois de observarmos movimentos periféricos, mas não somos o começo de tudo. Nosso ego pode gostar ou não da ideia, mas somos mais reverbaradores que iniciadores.

Diferente de muita gente que anda por aí prevendo que daqui há 10 anos todo mundo vai perceber que o mundo vai estar sendo o que ele já é, Peter Diamandis se apoia na Lei de Moore para dizer que veremos uma aceleração na taxa de mudanças que irá atingir uma velocidade exponencial levando ao colapso vários dos modelos de negócio que hoje consideramos modelos de sucesso. Na minha opinião, vale a pena ler. Mas não só ler. Vale a pena olhar para o que você faz todo dia e pensar no que você vai estar fazendo enquanto os próximos 10 anos vão estar acontecendo. Acredite, é isso que vai definir o impacto que 2025 vai ter sobre você e o seu negócio. Com a palavra, Peter Diamandis:

Um cérebro humano de 1000 dólares
Em 2025, mil dólares deve ser o suficiente para qualquer pessoa comprar um computador capaz de fazer processamentos em uma velocidade equivalente ao tempo de raciocínio de um cérebro humano.

A economia de um trilhão de sensores
A Internet of Everything (IoE) descreve a conexão em rede entre aparelhos, pessoas, processos e dados. Até 2025, a IoE vai exceder 100 bilhões de aparelhos conectados, cada um deles com uma dúzia ou mais de sensores coletando dados. Isso vai levar à economia de um trilhão de sensores, produzindo uma revolução de dados muito além da nossa imaginação. O último relatório da Cisco estima que o IoE vai gerar 19 trilhões de dólares de novo valor criado.

Conhecimento Perfeito
Nós estamos rumando a um mundo de conhecimento perfeito. Com um trilhão de sensores coletando dados em todos os lugares (carros, satélites, sistemas, drones, câmeras), você será capaz de saber qualquer coisa que você queira, a qualquer hora, em qualquer lugar e ainda fazer pesquisas para obter respostas e insights desses dados.

8 bilhões de pessoas hiperconectadas
Facebook (internet.org), SpaceX, Google (Projeto Loon), Qualcomm & Virgin (OneWeb) estão planejando oferecer conectividade global para todos os seres humanos na Terra a uma velocidade que vai exceder 1 Megabyte por segundo. A previsão é que nós cresçamos de três para oito bilhões de seres humanos conectados, injetando cinco bilhões de novos consumidores na economia global. Essas pessoas representam dezenas de trilhões de dólares fluindo para a economia global. E eles não estão navegando como nós fazíamos há 20 anos, com um modem 9600 da AOL. Eles navegam com uma conexão de 1 Mbps e acessam a informações no Google, impressoras 3D, Amazon, inteligência artificial, crowdfunding, crowdsourcing e outros.

Ruptura com as Instituições de Saúde
As instituições médicas como conhecemos serão destruídas na medida em que novos modelos de negócios com serviços melhores e mais eficientes aparecerem. Milhares de startups e também gigantes da informação como Google, Apple, Microsoft, SAP e IBM vão entrar nessa indústria lucrativa de quase quatro trilhões de dólares que é o mercado da saúde. Eles irão instituir novos modelos de negócio que desmaterializem, desmonetizem e democratizem o sistema burocrático e ineficiente que temos atualmente. Sistemas biométricos e inteligência artificial nos tornarão os Presidentes de nossa própria saúde. O sequenciamento genético em larga escala e aprendizagem mecânica nos permitirão entender as raízes da causa do câncer, doenças cardíacas e doenças degenerativas e como lidar com elas. Robôs cirurgiões vão conseguir realizar procedimentos sozinhos, de maneira perfeita (todas as vezes), a um custo irrisório. Cada um de nós vai poder ‘criar’ um novo coração, rim, pulmão ou fígado quando precisarmos, ao invés de esperar pela morte de um doador.

Realidade virtual aumentada
Bilhões de dólares investidos no Facebook (Oculus Rift), Google (Magic Leap), Microsoft (Hololens), Sony, Qualcomm, HTC e outros trarão uma nova geração de modelos e interfaces de usuários. A tela como conhecemos hoje – no seu telefone, seu computador e na sua TV- vai desaparecer e será substituída pelos novos modelos tecnológicos de óculos. Não são os óculos nerds como Google Glass, mas um equivalente transado, semelhante ao que os ‘fashionistas’ bem vestidos estão usando hoje. O resultado será uma ruptura massiva num grande número de indústrias, abrangendo desde o segmento de consumo de varejo, até o mercado imobiliário, de educação, viagens, entretenimento, alterando a maneira essencial de agirmos como seres humanos.

O início do Jarvis
Estudos sobre inteligência artificial progredirão a passos largos durante a próxima década. Se você pensa que a Siri é útil agora, as gerações de Siri na próxima década serão muito mais parecidas com o Jarvis do filme Homem de Ferro, com a capacidade estendida de entender e responder. Empresas como IBM Watson, DeepMind e Vicarious continuam desenvolvendo a próxima geração de sistemas de Inteligência Artificial. Em uma década, será normal para você fornecer o seu acesso de AI (inteligência artificial) para ouvir todas as suas conversas, ler todos os seus e-mails e escanear as informações sobre a sua biometria, porque a contrapartida positiva e a conveniência serão imensas.

Blockchain
Se você ainda não ouviu sobre a blockchain, eu recomendo fortemente que você pesquise o assunto. Você já deve ter ouvido falar sobre bitcoin, que é uma moeda criptografada decentralizada (global), democratizada, e extremamente segura, baseada no blockchain. Mas a inovação real é o blockchain em si, um protocolo que permite fazer de maneira segura e direta (sem intermediadores), transferências digitais de valores e bens (dinheiro, contratos, ações). Investidores como Marcx Andreesen têm despejado dezenas de milhões de dólares no desenvolvimento do blockchain, e acreditam que esta é uma oportunidade tão importante quanto a criação da própria internet.

Eu conheci e ouvi Peter Diamandis pela primeira vez durante meu curso na Singularity University em 2014 no NASA Research Park. Confesso que minha primeira reação a toda aquela conversa sobre velocidade exponencial foi de uma certa descrença, que foi se dissipando a cada contato com pessoas incríveis que já estão colocando em prática projetos capazes de resolver problemas globais em escala. Mais do que pensar sobre o futuro, o que descobri naquele período mudou minha forma de encarar o presente.

E você? Pra onde tudo isso te leva?

Ana Cortat é chief strategic office na Pereira&Odell
 

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