Marketing

C&A quer elevar experiência do cliente com loja conceito

Em entrevista, Paulo Correa, CEO da C&A Brasil revela o plano de expansão da loja conceito da marca

i 25 de agosto de 2025 - 6h07

C&A loja conceito

Ilha jeans está localizada bem na entrada da nova loja conceito da C&A (Crédito: Amanda Schnaider)

A C&A inaugurou na última sexta-feira, 22, no Shopping Center Norte, na zona Norte de São Paulo, a sua nova loja conceito. Ela chega com a missão de elevar a experiência do cliente no varejo de moda.

“Esse conceito novo que estamos lançando é a cristalização da nossa estratégia Energia, que proporciona para os nossos clientes um sortimento cada vez mais amplo e uma percepção de valor do produto muito grande”, revela o CEO da C&A Brasil, Paulo Correa.

Com aproximadamente 3.400 metros quadrados, divididos em dois andares, o espaço foi idealizado e desenvolvido pelo escritório de arquitetura britânico Gensler e conta com uma fachada principal mais aberta e sem vitrines, cujo objetivo é convidar o cliente para entrar.

Perto das entradas da loja há os principais produtos do portfólio da C&A: jeans, básicos, a linha esportiva ACE e a linha de moda urbana e contemporânea Mindse7. Cada área foi projetada com curadoria visual e narrativas próprias.

Enquanto o primeiro piso é todo voltado para a moda feminina, o segundo é focado nos homens, crianças e adolescentes. Próximo à área de Mindse7, no primeiro piso, ainda existe um espaço central com uma cafeteria, em parceria com a The Coffee. Também há uma área de beleza, com produtos das principais marcas de influenciadoras brasileiras, como Bruna Tavares, Boca Rosa e Mari Maria.

Ambos os andares contam com provadores e caixas tecnológicos. Dentro das cabines de provadores, a C&A colocou totens inteligentes que permitem ao cliente solicitar tamanhos ou cores sem precisar sair da cabine. Caso o produto não esteja disponível em loja, o vendedor C&A consegue, através do app do associado, encontrar o produto na loja mais próxima e enviar para a casa do cliente. No seu app, o próprio cliente também pode escanear, consultar a disponibilidade dos produtos na loja e pedir ajuda para um funcionário.

A inovação também se encontra nos caixas da loja conceito. Além dos self-checkouts e da tecnologia etiquetas inteligentes por radiofrequência (RFID), a C&A oferecerá biometria facial como forma de autenticação para clientes do cartão digital C&A Pay.

A loja ainda possui um elevador central e uma área dedicada ao Movimento ReCiclo, na qual os clientes podem descartar conscientemente peças de roupa que não usam mais, assim como vidros de perfume vazios.

C&A loja conceito

Paulo Correa, CEO da C&A Brasil (Crédito: Amanda Schnaider)

Em entrevista à reportagem, Correa revela o plano de expansão da loja conceito da marca, explica a escolha pelo Shopping Center Norte para ser o primeiro dentro do novo modelo e comenta como enxerga a chegada da H&M ao Brasil.

Meio & Mensagem – A nova loja conceito da C&A no Shopping Center Norte é descrita como um “laboratório vivo” que une design inovador e integração digital avançada. Qual o impacto esperado dessas inovações na jornada do cliente?
Paulo Correa – Esse conceito novo que estamos lançando no Shopping Center Norte, em São Paulo, é a cristalização da nossa estratégia Energia, que proporciona para os nossos clientes um sortimento cada vez mais amplo e uma percepção de valor do produto muito grande e, ao mesmo tempo, dentro de uma jornada fácil e intuitiva para que as pessoas ao final possam se encontrar através da moda. Então, o conceito da loja tem como objetivo o de você conseguir visualizar todo o sortimento que C&A, entender todas as distintas propostas que temos, para você poder escolher aquela que mais tem a ver com você e que você possa se encontrar naquele look que você está procurando. O processo de compra, incluindo o caixa e o provador, também teve evoluções muito fortes para garantir também uma fluidez maior dessa experiência e dessa jornada do nosso cliente. Isso tudo foi feito com muito carinho, com muita conexão emocional. Temos uma expectativa de impacto grande, porque uma vez que você encontra com mais facilidade o que você está procurando e você consegue, na sua jornada, fazer isso de um jeito mais fácil e mais rápido, isso certamente tem um impacto na conversão desse fluxo, que também vai aumentar por conta do nosso conceito de open front das nossas portas.

M&M – A companhia planeja escalar esse modelo de loja conceito para as suas mais de 300 lojas no Brasil?
Correa – Esse conceito, como todo novo conceito, precisa de um tempinho de maturação. Então, durante alguns meses, vamos, de fato, tentar entender tudo que está funcionando muito bem e aquilo que, talvez, tem oportunidade de evolução para podermos aprimorar o modelo, e aí, sim, ele passa a ser o modelo oficial de reformas e expansão da C&A. O conceito Energia tem essa proposta. Acreditamos que em alguns meses vai estar muito claro para nós as oportunidades que temos que ajustar e, a partir disso, estamos pensando que em 2026 esse será o conceito oficial. Então, todas as reformas, todas as lojas novas que abrirmos já vão estar dentro desse conceito.

M&M – Por que a escolha do Shopping Center Norte para receber essa primeira loja conceito?
Correa – Esse shopping é um shopping muito tradicional aqui em São Paulo. É um shopping importante. A C&A tem uma presença muito forte nesse shopping, uma conexão muito forte com esse público consumidor. E trouxemos para cá exatamente porque, não só tem teste de volumetria, muitas pessoas entram na nossa loja, já entravam e acho que vão entrar mais ainda. Então, é uma forma de estressar a performance desse conceito. E, ao mesmo tempo, entendemos que tem uma conexão do posicionamento da C&A com o público que frequenta esse shopping que acho que é mais cristalina, para podermos testar esse conceito e entender se ele, de fato, tem todos os elementos que estamos procurando. É uma loja grande, uma loja muito importante, porque ser simbólica dentro do dentro do nosso portfólio, mas que conecta um nível de conexão com o nosso perfil de consumidor muito alto.

M&M – Em entrevista recente, você afirmou que a C&A está focada em melhorar a venda por metro quadrado para fechar o gap em relação a sua principal concorrente até 2026. Qual é o atual momento financeiro da companhia e como estão planejando atingir essa meta de vendas?
Correa – Abrimos capital no final de 2019, depois teve a pandemia, aquela crise, mas desde 2022 a companhia vem evoluindo significativamente nos seus resultados financeiros. Já são quase oito trimestres consecutivos que a gente vem crescendo dois dígitos. Um crescimento forte da companhia e com crescimento de margem e da rentabilidade da companhia juntos. Crescimento de margem bruta estamos fazendo já 16 trimestres. Tem uma consistência muito grande do que a gente vem fazendo. A empresa vem evoluindo e tem planos de expandir sua base de lojas de maneira mais significativa no ano de 2026. Já estamos com um programa de reformas bastante grande também dentro desse conceito. A expectativa da C&A com esse conceito é de fortalecer ainda mais essa evolução da companhia, para proporcionar esse tipo de jornada para o nosso cliente. A nossa expectativa é de que ela [cliente] perceba que ficou mais fácil, mas mais interessante, mais intuitiva fazer essa jornada, e a partir daí o resultado é uma consequência. O resultado não somos nós que definimos, quem define é o consumidor.

M&M – Como a C&A se prepara para este novo cenário competitivo, considerando especialmente a entrada da H&M e seu forte apelo de marketing com celebridades brasileiras, e de que forma essa concorrência pode impactar os planos de crescimento da C&A no país?
Correa – Concorrência é sempre muito bem-vinda. Há 49 anos, a C&A chegou aqui no Brasil. Então, temos 49 anos de conhecimento da mulher brasileira, desenvolvendo coleções específicas para o Brasil e sempre com esse olhar da moda adaptada para esse universo brasileiro. Entendemos que toda concorrência é super bem-vinda, mas vamos continuar evoluindo o nosso negócio independentemente dos concorrentes, exatamente por conta desse entendimento profundo e conexão da companhia com a mulher brasileira, através do time de lideranças da companhia, que é brasileiro, fazendo para brasileiras, uma proposta muito brasileira. Esse é nosso olhar, vamos continuar fazendo isso e entendemos que isso é o nosso maior patrimônio.