Identidade real: motivos diferentes, momentos iguais
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Marisa Furtado
20 de janeiro de 2012 - 9h58
Há uns 6 anos fiquei muito chocada quando uma pesquisa inglesa instituía duas verdades da época frente a telinha: a primeira era que a melhor forma de encontrar e conhecer pessoas a fundo seria através da internet, impessoalmente! Já a segunda confirmava a mentira como verdade.
Engraçado, né? Era o fato das pessoas assumirem personas diversas na web. Era o tempo dos avatares em alta. E, na maioria dos casos, os entrevistados davam vazão aos seus recalques pessoais. Por exemplo, uma jovem solteirona e frustrada, jogava pocker virtual apresentando-se como um homem gordo, de meia idade, asqueroso, que cuspia enquanto jogava. Por outro lado, um pai de família, querendo entender o que se passava na cabeça de uma filha adolescente, assumia um perfil parecido ao dela, conversando e “investigando” coisas que seriam impossíveis de discutir em uma simples conversa entre pai e filha.
Bem, isso faz tempo… E não é que virou tudo? Assumir a identidade real na internet hoje é o fator comum de sucesso das redes sociais, é o motivo de explosão do Facebook e, em especial no Brasil, do Orkut ter perdido sua liderança. Os apelidos, as fotos de mentirinha ou de personagens, os textos em código etc. deram lugar ao mundo real, da vida como ela é, de muitas vidas compartilhadas sem a mínima cerimônia, entre milhares ou até entre milhões.
Que vício esse nosso, hein? Espiar a Caras tornou-se tão inocente… Nesta semana, dividimos a cama com Daniel e Monique e opinamos sobre sexo consentido ou não. O ato em si acabou em pizza, mas o fato que mais importou, eram as duas pessoas reais, vivendo um momento do mais real possível. Também nos unimos contra o capitão do navio Costa Concordia providencialmente delatado (sem querer) no Twitter da irmã do homenagedo, Antonello Tievolli, a partir de uma história real de família. Intriga saber que posts do tipo “Estou adorando este dia de verão” ou “logo, logo, vou ver meu amor” e outras passagens de vidinhas bem sem graça ganham a importância de “conteúdo” e representam a legenda de mais de 350 MM de uploads de fotos, a cada dia, no Facebook.
Assumir a identidade real na plataforma digital é uma necessidade humana. Mas se o exercício da identidade real tem sido o melhor jeito de se expressar livremente, na China passará a ser prática obrigatória, justamente pelo motivo oposto. A partir de agora, todos os novos entrantes nas redes sociais terão que se registrar com suas identidades reais. Assim, poderão ser censurados e punidos por divulgação de boatos, pornografia e outras práticas recriminadas pelas autoridades ou comportamento inadequado na web. Irônico!
Enquanto isso, o uso da identidade real e os novos recursos que permitem demonstrá-la trazem muitas vantagens no nosso trabalho. Por exemplo, o tagueamento de fotos é um superadianto para as marcas. Tudo muito simples. Lembra aquela foto cafona que tanta gente tira em frente ao avião? Logo, logo, fará parte do álbum de fotos da companhia aérea. E assim a marca também assume uma identidade mais real e se aproxima de seus clientes.
Outro fato é o poder de influência dos social ads sobre “os amigos do amigo da marca”, que é de 5 a 6 vezes maior que qualquer uma das nossas melhores pérolas… Mas aí o problema é que temos “zero” controle sobre isso. É alguém real, retratando uma experiência real. Enfim, assim vamos encarando a volta das férias, as nossas viradas profissionais para 2012, esperando ansiosamente a volta de Luiza do Canadá. Feliz ano novo!
Marisa Furtado é sócia, vice-presidente e diretora de criação da Fábrica Comunicação Dirigida
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