Marketing da bandidagem
Nunca tantos assuntos foram distorcidos, tanta confusão foi propagada, tanto se explorou a ignorância do eleitor, tanta mentira foi esbravejada
Nas eleições deste ano, várias reputações estão sendo atingidas, mas nenhuma delas é mais prejudicada que a reputação do marketing. Nem a pejorativa expressão "marqueteiro político" consegue blindar a atividade contra os efeitos venenosos dessa campanha petista que assola o país. Mesmo assim é preciso lembrar e repetir: marketing não é isso.
O que temos visto seria bandidagem se partisse de qualquer partido. É bandidagem dobrada por tratar-se do partido que nos governa.
Nunca tantos assuntos foram distorcidos, tanta confusão foi propagada, tanto se explorou a ignorância do eleitor, tanta mentira foi esbravejada.
Um governo com o mínimo de compostura não pode se permitir jogar a crise que ele mesmo provocou na Petrobrás sobre os ombros de adversários. Nem pode demonizar instituições bancárias competentes e relevantes como o Itaú. Nem fingir que autonomia do Banco Central significa entregar o país na mão dos banqueiros. Nem estimular rivalidades sociais e raciais, maldizendo uma suposta elite branca. Nem permitir que seus adeptos ensandecidos saiam modificando o perfil de figuras nacionais sérias e respeitáveis no Wikipedia. Nem contratar tropas de combatentes irresponsáveis pra bombardear tudo o que encontrarem na internet.
Prometeram "fazer o diabo" pra vencer e, pelo menos nesse tema, estão indo além da promessa.
Como brasileiro que conviveu e convive com profissionais de marketing de verdade, sinto nojo, revolta, tristeza. E torço pra que a estratégia da desonestidade não saia vencedora, e não se torne outro de tantos maus exemplos que não cansam de nos envergonhar.
* Adilson Xavier é escritor, publicitário e diretor da Zola