Meio & Mensagem
21 de agosto de 2013 - 9h19
Antes de mudar minha carreira e trabalhar com produção, trabalhei para agências, veículos e tive jornalistas esportivos na família e entre meus amigos. Sempre acompanhei, às vezes de muito perto ou de muito longe, as frustrações, desafios, reclamações de ambos os lados a respeito das cotas de patrocínio e pacotes comerciais dos esportes – F1, Vôlei, Brasileirão, Copa do Mundo, Olímpiada, Pan… etc.
As frases mais recorrentes:
1) "Meu concorrente já pegou ou já está tudo tomado" (marca e agência)
2) "A agência e/ou a marca querem que eu diga o nome deles junto com o do time patrocinado. Tenho que manter minha liberdade editorial" (veículo)
3) "Eu disputo atenção com uma penca de outras marcas e fico diluído na comunicação da plataforma" (marca e agência)
4) "Agora que comprou a cota, o meu cliente quer mais do que estava combinado e o formato é engessado demais" (agência)
5) "Queria ter mais liberdade para explorar a plataforma" (agência/marca)
6) "Gostaria muito que os times do esporte X fossem mais abertos, inovadores e com estruturas mais profissionais. Me dá inveja da NBA, NFL, UEFA… etc." (TODOS)
7) "Eu sou o dono da torcida e dos fãs, essas marcas e veículos têm que me respeitar mais (clubes)"
Todas válidas de certa forma, todas cotidianas e inevitáveis visto que mais cedo ou mais tarde o inventário acaba e quem tem literalmente a prioridade da carta na manga a utiliza no caso da compra das cotas.
Nos meses mais recentes comecei a acompanhar como mero espectador o desenvolvimento e construção da LFA (Liga de Futebol Americano) no Brasil e a medida que ia vendo a maneira como o projeto foi se desenrolando desde o início, falei pra mim: "Vai bombar. As marcas vão cair em cima."
E ai, meses depois, os caras conseguiram uma base de seguidores absurda, fizeram e fazem ações de marketing de altíssimo nível, têm uma proposta comercial de primeiro mundo, fecharam exibição com o Sportv e… as marcas ainda não perceberam essa oportunidade.
A Liga foi desenhada baseada não no típico "Copiar e Colar" do consagrado formato norte-americano, mas usando o melhor de lá com o daqui (Brasil). E com um modelo que faz uma coisa que nós, profissionais de comunicação, esquecemos de fazer: formar audiência.
A equipe por trás da LFA é, na minha modesta opinião, o sonho de qualquer marca ou agência: um investidor experiente, executivos com cases em suas áreas com legado internacional, um CEO que já foi anunciante (Unibanco) e um processo de decisão centralizado (os times respondem à Liga).
O que na verdade permitiria que as setes frases acima pudessem ser reescritas:
1) "Tenho a oportunidade de me antecipar à concorrência e proteger meu segmento"
2) "Meu diálogo é com a Liga e não com os times separadamente. Propor novos modelos é mais fácil."
3, 4 e 5) "Como vou entrar primeiro, posso negociar melhores bases da minha exposição e customizar minha presença"
6) "Se isso virar um case de marketing esportivo e uma nova plataforma de conteúdo, minha marca fará parte da gênese"
7) "Posso criar uma relação mais orgânica com a torcida e não ser somente um patrocinador"
Enfim, somente suposições a respeito de um mercado em que o consumidor escolhe cada vez mais a hora em que quer assistir seu conteúdo e que tem nos eventos esportivos as plataformas em que o "ao vivo" é uma das maiores experiências de relacionamento entre torcedores, fãs e telas.
Talvez nós tenhamos ficado meio míopes e desaprendido que comprar a audiência é tão importante e divertido quanto formá-la.
Maurício Mota é sócio-diretor da produtora Os Alquimistas
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