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Apenas 12% das cadeiras em conselhos no Brasil são ocupadas por mulheres

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Women to Watch

Apenas 12% das cadeiras em conselhos no Brasil são ocupadas por mulheres

Nova pesquisa do Evermonte Institute traça panorama das diferenças entre gêneros no acesso ao board das companhias brasileiras


19 de maio de 2025 - 16h06

(Crédito: Shutterstock)

De acordo com nova pesquisa do Evermonte Institute, intitulada “Women at the Top”, apenas 12% das cadeiras de conselho em companhias abertas no Brasil são ocupadas por mulheres. O percentual cai quando se consideram as conselheiras independentes, ou seja, as que não são parte da família ou representantes de fundos de investimentos.

Apesar da porcentagem, que representa a continuidade de barreiras sistêmicas que dificultam o acesso das mulheres aos boards das empresas, o estudo aponta que elas estão chegando lá. Para a pesquisa, isso não ocorre por uma mudança de mentalidade do mundo corporativo em relação à temática de gênero e liderança mas porque as conselheiras brasileiras estão se especializando mais. 

A pesquisa aponta que as mulheres têm 49% mais formações do que os homens e 87% mais certificações. Além disso, elas constroem carreiras executivas marcadas pela mobilidade, pela pluralidade setorial e pela exposição a múltiplos desafios organizacionais.

Mais experiência, menos acesso

Quando chegam à posição de conselheiras, contam com uma média de 16 experiências profissionais, cerca de 14% a mais do que os homens, ainda segundo a pesquisa do Evermonte Institute. No entanto, mesmo com o alto nível de formação acadêmica e uma sólida trajetória executiva, muitas têm dificuldades de acessar a primeira cadeira em um conselho.

Segundo Helena Schröer, sócia do Evermonte Institute e coordenadora do Women at the Top, os dados não apontam para uma diferença meritocrática, mas para distinções nas condições e nas exigências que recaem sobre homens e mulheres.

“Os dados sugerem, por exemplo, que, para as mulheres, a formação acadêmica cumpre uma dupla função: instrumental, relacionada ao preparo técnico necessário para exercer a função de conselheira; e legitimadora, uma vez que confere reconhecimento de autoridade nesse espaço de decisão”, avalia.

Principais barreiras

Para além da dificuldade de conquistar a primeira cadeira, a pesquisa aponta pelo menos outras cinco barreiras que continuam limitando o acesso das mulheres ao board de empresas: o isolamento (o fato de, frequentemente, os conselhos contarem com apenas uma mulher); a forma como as nomeações são feitas (as redes de relacionamento corporativo seguem essencialmente masculinas); a diferença de percepção sobre o comportamento de homens e mulheres (posturas que são percebidas como demonstrações de firmeza e liderança em homens frequentemente são interpretadas de maneira negativa quando expressadas por uma mulher); a disparidade de remuneração (as posições mais bem pagas nos conselhos são ocupadas por homens); e a lacuna entre o discurso e a prática das organizações (o avanço das políticas de diversidade é pouco concreto).

A pesquisa consistiu em uma abordagem quantitativa, com análise dos perfis de 98 conselheiros (49 mulheres e 49 homens) do board de companhias de capital aberto ou organizações de grande porte no Brasil; e com um viés qualitativo, composto por entrevistas com oito conselheiras brasileiras: Alessandra Dabul (Gávea Angels e Ancham Paraná), Ana Paula Zamper (InterPlayers, Espaçolaser, Oficina Consultoria, IBEF-SP, Instituto SER+ e SAS Brasil), Andrea Mota Baril (Grupo Skala, Grupo CRM e Pravaler) Beatriz Amary Faccio (Arco Educação), Cecília Andreucci (Guararapes Painéis, Grupo Boticário e IBGC), Claudia Lacerda (CantuStore e Aliansce Sonae), Daniele Krassuski Fonseca (Futura S.P.A.) e Janete Anelli (Petrobahia e IBGC). 

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