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Sobrecarga doméstica é barreira para avanço financeiro das brasileiras

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Sobrecarga doméstica é barreira para avanço financeiro das brasileiras

Segundo pesquisa da Serasa, mulheres lideram as finanças do lar, mas enfrentam obstáculos para conquistar autonomia econômica


1 de julho de 2025 - 11h35

(Crédito: Shutterstock)

A sobrecarga das mulheres no Brasil tem comprometido não apenas a saúde mental e o tempo livre, mas também a independência financeira delas. Segundo pesquisa da Serasa em parceria com a Opinion Box, 9 em cada 10 brasileiras afirmam que não conseguem evoluir financeiramente devido ao acúmulo de responsabilidades domésticas e profissionais.

O estudo revela o impacto direto da dupla jornada (trabalho remunerado somado ao cuidado com a casa e a família) sobre a capacidade de gerar renda, buscar qualificação, fazer networking ou empreender. Das quase 1.400 entrevistadas, a maioria relata dificuldades em se dedicar ao desenvolvimento profissional ou ao próprio negócio.

Empreender sem estabilidade

Mesmo entre aquelas que tentam empreender, a rotina não é fácil. 73% das mulheres empreendedoras dizem que o trabalho doméstico não remunerado atrapalha a gestão de seus negócios. Muitas enxergam o empreendedorismo como alternativa de flexibilidade frente à alta demanda de tarefas em casa: 38% sonham com a própria empresa, enquanto 26% desejam mais autonomia de horários.

A realidade, no entanto, impõe outra dinâmica. 71% das pequenas empreendedoras também recorrem a bicos para complementar a renda. Entre os trabalhos informais mais comuns estão a revenda de produtos, os serviços de limpeza e outras formas de ocupação temporária, que oferecem pouco ou nenhum potencial de crescimento.

Perto das finanças, longe da autonomia

Apesar dos desafios, as mulheres continuam sendo as principais responsáveis pelo orçamento doméstico. Segundo outro levantamento da Serasa em parceria com a Opinion Box, 9 em cada 10 brasileiras participam ativamente das decisões econômicas da família. Entre elas, 33% assumem sozinhas o controle das contas, enquanto 60% dividem essa tarefa com outros membros do lar.

O estudo também mostra que quanto menor a renda familiar, maior a probabilidade de a mulher ser a única gestora financeira. Em lares de baixa renda, 43% das mulheres acumulam essa responsabilidade, índice que cai para 26% nas famílias de renda média e para 18% nas de alta renda.

Mesmo diante de tantas atribuições, apenas 3 em cada 10 entrevistadas se consideram bem informadas sobre finanças. Por isso, 79% afirmam buscar conhecimento por conta própria, principalmente por meio de redes sociais, sites e aplicativos de instituições financeiras.

Ainda que a jornada em direção à autonomia financeira seja longa, há sinais de avanço: 81% acreditam que as mulheres estão ganhando mais espaço no mercado financeiro, e 74% dizem sentir mais confiança ao ver outras mulheres falando sobre o tema.

Entre os principais obstáculos relatados estão dificuldade para obter crédito ou financiamento (47%), endividamento (31%), falta de controle sobre as finanças (18%), baixa educação financeira (17%) e desigualdade salarial (15%).

No geral, 87% das entrevistadas acreditam que o papel econômico da mulher ainda é subestimado pela sociedade.

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