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?Nome social? agora na comunidade gay

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Ponto de vista

?Nome social? agora na comunidade gay

Todo transexual e travesti que prestar o exame do Enem poderá usar seu ?nome social? que será aceito legalmente na prova e sala de aula


14 de maio de 2014 - 6h00

Por Marisa Furtado (*)

Uma das coisas que mais me chama atenção na plataforma digital é a possibilidade infinita que cada pessoa tem de assumir as várias personas que carrega dentro de si. Haja divã…Lá atrás, no Second Life, achei divertido acompanhar as pesquisas inglesas que muito diziam do ser humano.

A maioria dos avatares era aquilo que cada usuário gostaria de ser na vida real, mas não tinha coragem. Então tinha a mocinha tímida que se transformava em um jogador de pocker escroto. Tinha o pai de uma adolescente que se fazia de adolescente amiga para compreender o desenvolvimento da filha etc.

Outra coisa que me espanta até hoje são os casais amigos e o swing virtual, sim, aqueles que trocam de papeis nas plataformas digitais. Na vida real são amigos. Na vida virtual, de forma consentida e sabida, amantes! Eu sou da geração que o povo fazia isso no carnaval srsrsr, quatro dias por ano. (Ah, e tem aquele delicioso filme do Stanley Kubrick – De Olhos bem Fechados, que também lida com isso). Mas agora posso ser outro ser, 24×7, se quiser.

Na última SXSW notei mais um componente desta coisa do nome social, no Starbucks. Em vez de dar o nome real, as pessoas dão um apelido inventado dos mais bizarros na hora de retirar o pedido. Assim, me tornei simplesmente “corn flakes” durante aquela semana.

São estas questões de anonimato que complicam muito a legislação no mundo digital, legitimidade, definição de privacidade e tal. Mundo social, status social e agora também “nome social”. Isso me faz pensar que neste momento “estou “ Marisa, mas posso mudar a qualquer tempo.

Pois bem, agora em maio, os organizadores do Enem acabam de dar um primeiro passo para o “nome social” sair da abstração e se tornar realidade. O começo é a comunidade gay. Todo transexual e travesti que prestar o exame do Enem poderá usar seu “nome social” que será aceito legalmente na prova e sala de aula, bastando um aviso prévio na ficha de inscrição. Mais ou menos como já acontece no mundo PJ, entre nome fantasia e razão social.

É divertido pensar que nos primórdios os “nomes sociais” das civilizações como no Brasil eram engessados nos santos do dia do nascimento. E agora são um pleno exercício do ser. Acredito que este fato é mais uma avanço na democracia do século XXI, no qual devemos prestar atenção. Só não sei responder como as marcas vão lidar com essa presença multifacetada. E se isso vai resultar em pessoas com identidades mais nítidas e senhoras de si, ou em seres ainda mais fragmentados e inseguros.

(*) Marisa Furtado é sócia-diretora da área de inovação da Fábrica.

 

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