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A felicidade no trabalho, de fato, existe?

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A felicidade no trabalho, de fato, existe?

Cintia Pessoa e Diana Gabanyi, da The School of Life, defendem a comunicação transparente e liderança engajada na construção de uma cultura organizacional forte


11 de junho de 2025 - 13h08

Ainda que a felicidade seja algo pessoal e subjetivo, está, muitas vezes, conectado à busca pela satisfação e bem-estar. Com o trabalho ocupando boa parte do cotidiano das pessoas, a felicidade no ambiente corporativo vem sendo uma discussão crescente a nível global. Mas ela, de fato, existe?

felicidade no trabalho

Cintia Pessoa, especialista em recursos humanos, e Diana Gabanyi, da The School of Life, abriram o segundo dia do ProXXIma 2025, em painel moderado pela editora de Meio & Mensagem, Roseani Rocha (Crédito: Imagem Paulista/Eduardo Lopes)

Questionadas sobre se a felicidade no trabalho tem virado um indicador chave de desempenho, Cintia Pessoa, especialista em recursos humanos, e Diana Gabanyi, CEO e head de experiências corporativas da The School of Life, apontaram a complexidade do conceito, uma vez que envolve diversos fatores dentro das corporações.

Apesar da discussão crescente, sobretudo decorrentes dos altos níveis de ansiedade e burnout relacionados ao trabalho, Diana declarou que, de forma geral, a alta cúpula das empresas ainda acreditam que o bem-estar corporativo é algo banal: “Números comprovam que, quando as pessoas têm bem-estar, elas estão felizes, produzem mais e a empresa vai ganhar mais. Mas é muito difícil fazer com que eles entendam”, defendeu.

As especialistas chamaram a atenção para a necessidade da construção coletiva e baseada na confiança. Cintia indica que, ainda que o termo possa trazer uma espécie de “repulsa” à primeira vista, já existem meios de trazer a felicidade no core na organização, a partir de entendimento e alinhamento de objetivos, expectativas e desafios.

“A felicidade é essa construção conjunta. Temos a questão da visão de longo prazo da organização, de alcançar os lucros e os resultados, mas quem vai fazer isso é um ser humano que está na linha de frente para poder fazer essa execução”, disse.

Por trás dessa busca está a cultura organizacional, a qual muitos acreditam estar em xeque frente ao trabalho híbrido e remoto acentuado desde a pandemia. Para Cintia, a cultura também é um trabalho conjunto, construída no cotidiano sobre as bases de um ambiente psicológico seguro, mecanismos de escuta e feedback, por exemplo, na qual a presença física não é determinante. É preciso, contudo, estabelecer propósito na qual as atividades do dia a dia deverão se espelhar.

O papel das lideranças

Neste sentido, os gestores tomam o protagonismo do exemplo e da mudança. “A liderança é muito responsável nesse processo de construção de uma cultura forte”, disse Cintia. “Não é possível pasteurizar o processo de comunicação ou de relacionamento com a equipe, pois cada indivíduo é único e tem uma necessidade”, complementou.

Pesquisas conduzidas pela The School of Life indicam que as falhas na comunicação são dos principais motivos de infelicidade, e no trabalho remoto, a questão merece ainda mais atenção para evitar suposições.

É preciso, também, que as lideranças estejam atentas à própria saúde mental, uma vez que ocupam cadeiras, muitas vezes, solitárias. “O RH precisa ajudar muito, porque o líder tem muitas habilidades técnicas, mas são muitas habilidades emocionais que eles precisam ter para conseguir liderar uma equipe, engajar, motivar”, alegou Diana.

Certificação e longo prazo

No ano passado, a Lei n° 14.831 passou a instituir o Certificado da Empresa Promotora da Saúde Mental, estabelecendo os requisitos para a concessão da certificação. Mas a legislação é o suficiente para que as empresas mantenham um olhar atento à questão da saúde mental?

À época, a The School of Life criou um programa específico relacionado à lei, mas não houve interesse efetivo. A situação mudou completamente com a atualização da NR-1, que inclui fatores psicossociais como riscos ocupacionais. Agora, lembrou Diana, tem havido maior procura sobre como agir diante da temática.

Cintia salientou que a obtenção de um selo ou certificação fortalece as corporações enquanto marcas empregadoras, e que é possível apostar em ferramentas, como o site Glassdoor, mas também manter uma boa reputação no boa a boca. Apesar disso, alertou, é preciso comprometimento efetivo a fim de proteger a reputação.

“É preciso lembrar também que a questão de afastamento é um custo, isso é dinheiro que a empresa perde com o funcionário”, comentou Cintia, exemplificando o afastamento com doenças e outras questões relacionadas à saúde mental. “Todo mundo ganha se usar esse selo a favor e fazendo atividades efetivas”, finalizou.

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