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“Inovações não são um evento, mas um processo”

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“Inovações não são um evento, mas um processo”

Para Marina Pires, da Media.Monks São Paulo, e Olivia Merquior, da Iara Land e BRIFW, inverno do metaverso é uma suspensão necessária para que todo o ecossistema se forme


30 de maio de 2023 - 16h41

Para explicar a evolução de inovações, a Gartner desenvolveu a metodologia Hype Cycle, que consiste em quatro pontos: gatilho de inovação, pico de expectativas infladas, vale da desilusão, declive do esclarecimento e o planalto da produtividade, em tradução livre.

O ciclo foi usado para explicar a ascensão e a queda do metaverso no painel “O inverno do metaverso: Gerador de Negócios ou Distração?”, que contou com a participação de Marina Pires, manager director da Media.Monks São Paulo, e Olivia Merquior, cofounder e CEO da Iara landa e chief metaverse officer da Brazil Immersive Fashion Week. Ambas acreditam que o metaverso passa por uma reacomodação pós-hype e, para Marina, trata-se do potencial de uma inovação a longo prazo.

Thapis Monteiro, repórter do Meio & Mensagem; Marina Pires, manager director da Media.Monks São Paulo; e Olivia Merquior, cofounder e CEO da Iara landa e chief metaverse officer da BRIFW (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

A manager director da Media.Monks salientou que a inovação não é um evento e, sim, um processo, e que a curva de Gartner se aplica exatamente ao que o mercado vive hoje com o metaverso. “Toda vez que falamos de inovação, queremos aplicar a ela uma mentalidade muito linear”, advertiu Marina, reforçando que as expectativas em relação à tecnologia estão se acomodando e se conectando com a realidade, mostrando o tamanho que de fato tem.

A euforia muito ligada inicialmente ao rebranding do então Facebook para Meta acendeu o alerta para a necessidade de adentrar esse espaço, que agora parece ser mais dedicado à inteligência artificial. Contudo, o metaverso não se resume a uma plataforma imersiva avatarizada. “O investimento nessas plataformas talvez tenha entrado em um momento de retração, mas o investimento em inteligência artificial não está separado do metaverso”, disse Olivia. Na nova configuração, a IA se comporta como um dos habilitadores e ferramentas necessários para que um metaverso mais complexo possa acontecer.

Nos últimos meses, grandes companhias de mídia e tecnologia anunciaram pausas neste sentido. A Microsoft descontinuou a divisão responsável por realidade virtual e aumentada, enquanto a Disney encerrou sua unidade Next Generation Storytelling. Marina afirmou que o pensamento do investidor está pautado no longo prazo, mas a ansiedade por resultados é muito imediatista. Segundo ela, houve uma priorização por conta do cenário econômico mundial que não permite alto risco, mas, ao mesmo tempo, há um fomento de tecnologias que serão úteis no futuro. Na contramão, Olivia apontou que é necessário ter um olhar mais macro para o momento contextual que as empresas estão passando.

O metaverso além das plataformas

“Nosso erro é pensar o metaverso com uma plataforma muito específica”, relembra Olivia sobre a ascensão de plataformas como Roblox e Decentraland. A painelista abordou que vivemos uma mudança estrutural na maneira que trabalhamos territórios digitais, relação com influenciadores, autenticação de realidade e até mesmo telas, com o surgimento de novas mídias de tridimensionalização de conteúdo. Nas palavras da chief metaverse officer da BIFW, o metaverso, na verdade, é um grupo de tecnologias que precisa acontecer de maneira unificada para que seja entendido. Novas tecnologias como a holografia o tornam mais palpável, com o acesso a espaços e interação digital em um meio que não por telas.

As especialistas entendem que o inverno do metaverso é uma suspensão necessária para que todo um ecossistema se forme. Para além dos avatares, a tecnologia em sua realidade está na base do iceberg, ou seja, excede o que o mercado enxerga na superficialidade. O metaverso deverá cada vez mais atravessar o dia a dia da sociedade, mudando a linha de transmissão de empresas, medicina, treinamentos, bem como a forma que os indivíduos se relacionam com o trabalho, entre outros.

Mudança de rota

O conceito do metaverso surgiu em um contexto de ficção científica. O termo foi cunhado em 1962 por Neal Stephenson, escritor norte-americano. Para Olivia, o problema que encaramos, hoje, em relação ao tema tem origem no seu conceito, que pregou por muito tempo ser algo quase distópico. “Tudo o que estamos falando agora e questionamentos têm um problema semântico e de construção de palavra”, complementou.

Com todas as evoluções e transformações necessárias para sua consolidação, o foco agora é na educação, conforme defendeu a cofounder e CEO da Iara landa. Agora, a meta é aproveitar o momento de baixa do hype do metaverso para que empresas no geral habilitem sua curva de letramento junto aos colaboradores, para que entendam os conceitos de IA, algoritmos, blockchain, agentes CGI, realidade expandida, metaverso, entre outros.

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