Futuro do dinheiro vai além da personalização
Usabilidade e velocidade já ficaram para trás na discussão sobre fintechs, transformar a experiência de lidar com finanças em algo prazeroso e funcional é a próxima fronteira
Usabilidade e velocidade já ficaram para trás na discussão sobre fintechs, transformar a experiência de lidar com finanças em algo prazeroso e funcional é a próxima fronteira
Luiz Gustavo Pacete
9 de janeiro de 2020 - 6h00
O setor financeiro é um dos grandes protagonistas quando o assunto é disrupção. A quantidade de fintechs e empresas que passaram a se intitular como bancos digitais é crescente, no Brasil e no mundo. Esse movimento também fez com que os bancos, outrora associados a uma dinâmica tradicional de trabalho, desenvolvessem dinâmicas de produtos e serviços que atendessem a novas demandas. Esse cenário, no entanto, é o presente. Na CES 2020, a discussão sobre o futuro do dinheiro, e sua relação com as novas gerações, passa por diferencial não apenas de formatos de produtos e serviços, mas no nível de experiência que plataformas financeiras podem oferecer para os seus clientes.
Neste contexto, bancos se tornarão extensões de empresas de tecnologia, e em muitos casos, empresas de tecnologia, desafiadas a desenvolver uma comunicação focada na experiência e um serviço um a um via dados. Nikhil Lele, consultor da EY Financial Services, pontua que novas redes de confiança e a sofisticação da personalização vão determinar o setor financeiro nos próximos anos. Segundo ele, o financeiro estará conectado a todos os outros aspectos da vida. “Devemos pensar em serviços bancários baseados em assinatura e a personalização da jornada.” Ele explicou que faz cada vez menos sentido determinar empresas por serem bancos tradicionais ou fintechs. Para ele, serviços financeiros serão cada vez mais presentes e necessários para empresas de tecnologias. Isso ilustra o porquê outras companhias como Apple, Samsung e até mesmo o Facebook estão investindo no segmento financeiro.
Tiffani Montez, analista sênior da consultoria Aite Group, lembrou que, dos consumidores entre 22 e 29 anos ou mais, 62% estão dispostos a ter um coach financeiro digital e 40% estariam dispostos a pagar por essa experiência. Os dados são de um levantamento global da própria Aite. Segundo ela, a forma de os bancos, ou qualquer empresa que ofereça soluções financeiras, atenderem a essa demanda é aprimorando a gestão de dados. “Uma abordagem orientada a dados fornece ofertas mais proativas. Falta, no entanto, que as principais instituições do setor reflitam sobre como as decisões dos consumidores de hoje afetam a própria trajetória do banco no futuro”, destacou. “Se muitos jovens hoje não conseguiram desenvolver uma preferência pelos bancos tradicionais é por que não há opções de personalização e identificação, muito menos de experiência.”
Percival Jatobá, VP de inovação e soluções da Visa do Brasil reforça que os dados, que aparecem como elemento vital para o setor financeiro, dominam a temática da CES este ano, no entanto, o desafio ainda é como transformá-los em inteligência. “Ter a informação nas mãos de nada serve se não soubermos aplicar essa inteligência de forma estratégica. Fui surpreendido ao notar que esse também é um dos principais desafios compartilhados por empresas, representantes do governo e diversos players de tecnologia nos EUA, Ásia e na Europa. Achava que estavam na nossa frente. Estava enganado”, escreveu em sua colaboração ao Meio & Mensagem.
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