Comunicação

Como foi produzida campanha com IA da Africa para Mitsubishi

Projeto para novo Outlander, deste ano, misturou inteligência artificial e 3D na criação de cenários de moda

i 24 de novembro de 2025 - 6h36

Campanhas publicitárias criadas por inteligência artificial (IA) ganham espaço nas telas, demostrando que o uso da tecnologia deixou de ser promessa e se tornou resultado concreto. Um exemplo emblemático do ano foi a campanha criada pela Africa Creative para o novo Outlander PHE, SUV híbrido de luxo, da Mitsubishi Motors, em que mistura que envolveu IA e 3D.

Campanha de Mitsubishi, criada pela Africa Creative com IA

Africa Creative usou inteligência artificial (IA) em campanha para Mitsubishi (Crédito: Reprodução)

O projeto teve três filmes de 30 segundos e se propôs a inverter a lógica do mercado de moda, que costuma colocar carros como coadjuvantes nos ensaios editoriais. Os comerciais foram intitulados Deserto, Cidade e Vilarejo, sendo veiculados entre junho e julho deste ano.

A decisão de investir em tecnologia para a construção da campanha, de acordo com a Mitsubishi, teve o objetivo de encurtar o ciclo de produção, dar eficiência ao orçamento e gerar flexibilidade para ajustes, com troca de modelo e cor do veículo.

Rodrigo Ferrari, diretor de RTV da Africa, explica que a natureza do produto pedia uma forma de apresentação também inovadora. Mesmo sem abrir percentuais, o executivo revela que houve redução significativa de custos, ainda que tenha mobilizado mais de 100 profissionais, entre produtores, roteiristas e animadores. Um dos convidados, inclusive, foi o stylist e diretor criativo Dudu Bertholini.

“A produção de um filme como esse, dessa forma, evitou altos custos de diárias de filmagem em lugares ermos e distantes, que custariam muito dinheiro e seriam quase proibitivas para a realidade atual dos filmes publicitários”, explica.

A utilização de IA, conforme Ferrari, abriu um leque de possibilidades, de campos de pesquisa e imaginação. Foi possível, com isso, criar ambientes que seriam factíveis com os prazos e orçamentos tradicionais, uma vez a campanha incluía ensaios de moda.

“Testamos milhares de prompts, com caminhos totalmente distintos, até chegar aos três cenários finais. Esses testes só foram possíveis graças à inteligência artificial, que nos levou ao resultado final, ao protagonismo das campanhas de alto luxo que a gente queria significar”, acrescenta.

IA na publicidade

Na opinião do diretor, apesar da economia ser uma realidade, na prática, ela é menor do que alguns podem acreditar. No produto finalizado, esse tipo de tecnologia ainda demanda um trabalho intenso de direção, curadoria e combinação com outras técnicas para alcançar o nível de qualidade esperado.

Mesmo assim, em média, ele aponta uma redução de custos de 20% a 30%.
Ferrari defende que a ferramenta continuará a impactar a indústria da imagem, no sentido de abrir caminhos, novas frentes e outras possibilidades para se contar uma história.

“Mesmo assim, no fundo, continua sendo uma ferramenta que precisa muito do olhar humano, do desenvolvimento, da escolha e do critério criativo para se tornar uma boa contadora de histórias. Tudo isso, obviamente, é um rio correndo: pode mudar de caminha a qualquer momento e tudo o que foi dito pode estar por um fio. É só uma questão de tempo”, analisa.