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Rôças, do Porta dos Fundos: “O tema curadoria está em alta”

CEO do Porta dos Fundos, Christian Rôças opina sobre digitalização, NFTs, inovação e metaverso

Thaís Monteiro
2 de novembro de 2021 - 15h12

Nesses dois dias de Web Summit 2021, Christian Rôças, CEO do Porta dos Fundos, já percebeu que um assunto central nas trocas durante o evento é a curadoria. A curadoria, é claro, está atrelada ao filtro necessário para prover ao público-alvo os melhores serviços, produtos ou conteúdos em uma era em que há um excesso de todos esses, mas ela também diz respeito ao respeito ao tempo e a paciência necessária para entender no que investir, por que e buscar profundidade em diversas questões ligadas a inovação.

Executivo está escalado para uma conversa sobe “digital media mania” (Crédito: Divulgação/Porta dos Fundos)

O Web Summit é um evento notável por reunir C-levels de todas as áreas, mas sobretudo CEOs. Além de Rôças, participam do Web Summit deste ano o CEO do Descomplica, Marco Fisbhen, e Gabriel Brage, CEO do QuintoAndar, entre outros. Rôças participa da conversa “Digital media mania”, na qual troca com outros players como ajudar marcas a se conectar com seu público e manter a atenção dele em meio a tanto barulho com ofertas multiplataformas.

No entanto, para o executivo, sua missão no evento é ouvir. “É muito importante escutar o que está sendo dito para reaplicar o que for útil para a minha realidade pessoal e profissional”, diz. Além disso, ele considera o festival em Lisboa um dos mais importantes da indústria por seus temas atuais e por propor uma edição presencial na falta dessa conexão nos últimos dois anos. ” Isso é importante especialmente pois tem nos provocado sobre a função dos eventos presenciais e que tipo de adaptações terão que fazer para se tornarem sedutores e atraentes”, coloca.

Ao Meio & Mensagem, Christian dividiu o que antecipa para os próximos dias e de que forma ele enquanto profissional e a empresa que gere observam as novidades debatidas no cenário da comunicação.

Meio & Mensagem – Quais são as expectativas para o evento?

Christian Rôças – Costumo dizer que o Porta dos Fundos é um exemplo de empresa de entretenimento brasileira que deu certo. Estar aqui representando esse grupo e trazendo nossa história de crescimento e de sucesso é uma enorme satisfação. Espero que o evento nos traga a reflexão sobre o que é esse tal “híbrido” que tanto se fala e se especula. Estou bastante curioso para saber na prática quais serão os efeitos que a pandemia causou e que mudanças já estão em vias de ocorrer. O encontro presencial vai demandar mais esforço de todas as empresas de entretenimento pois terão que refletir experiências realmente “wow”, que estimulem as pessoas a saírem de suas casas. A pergunta “porque ir presencialmente e não assistir ao conteúdo pela internet ou celular”, será cada vez mais presente.
Quem levar a sério essa questão comportamental e sútil, poderá perceber oportunidades.

M&M – O Web Summit é um evento que lida com grandes inovações e tendências. Quais inovações e tendências você espera ver debatidas sobre o seu segmento?

Rôças – Acredito que – finalmente – está cada vez mais claro e óbvio o poder da curadoria. De que adianta ter quilos de soluções tecnológicas e opções se, ao final, seguimos sem saber por onde começar nossa jornada? Em quase todas as conversas que venho tendo por aqui percebo que o tema curadoria está em alta. E com isso, uma série de desdobramentos e oportunidades de mercado surgem. Sobre inovação, a pandemia trouxe discussões importantes que, ainda de forma não concreta, começam a trazer efeitos. Na minha opinião uma dessas discussões é sobre como recuperar a humanidade e perceber que um dos caminhos para inovar é o do permitir-se “não saber”. É se deparar com mais perguntas sem respostas e tudo bem. Abraçar o “não sei” e usar seu repertório e o da sua equipe acabou por ser uma excelente ferramenta para inovar. Algumas palestras aqui tem trazido esse tema e eu fico muito feliz pois é algo que eu acredito genuinamente.

M&M – Uma das propostas do evento é debater o digital e a Web 3.0. Como o digital está sendo incorporado no seu segmento? Quais são os desafios dessa união? E para onde essa transformação digital deve levar a categoria nos próximos anos?

Rôças – Acredito que a revolução do digital irá passar pela absorção do comportamento mais fluido das coisas. Em aceitar de forma tranquila a possibilidade de ter várias opções para problemas semelhantes. As empresas de entretenimento que pensarem em on e off, em formatos curtos ou longos estarão perdendo a oportunidade de pensar em hábito, em comportamento. Acredito que a transformação passe pelas equipes internas das produtoras, roteiristas, talentos, todos percebendo que o nosso objetivo é cada vez mais o de conquistar a atenção das pessoas. E todos nós temos uma jornada diária. Como fazer parte dessa jornada e se fazer presente na memória afetiva das pessoas ou audiência que querem consumir conteúdo exige discussões mais profundas do que formatos curtos, longos, on-line ou off-line. Para mim, a categoria irá buscar estar presente de forma estratégica e oportuna em todas as janelas de atenção que forem oferecidas pela audiência. Com conteúdo de qualidade, respeitando o tempo que nos foi ofertado. Precisamos lutar por cada segundo de atenção.

M&M – Alguns dos tópicos abordados são NFTs, metaversos e IA. De que forma essas inovações podem ser incorporadas no segmento?

Rôças – Há um mundo de oportunidades pela frente. Estamos num momento da experimentação. Quem tiver certeza de algo, deve estar blefando. As inovações precisam ser incorporadas com espaço para erro, para incerteza. Logo em seguida do “não sei” vem o “o que pode ser”. E é essa curiosidade que me atrai como oportunidade.

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