Funcionários do Facebook rejeitam silêncio frente à Trump

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Funcionários do Facebook rejeitam silêncio frente à Trump

Enquanto diversas empresas de tecnologia têm se posicionado em relação aos ataques de Trump às redes sociais e aos protestos contra o racismo, o Facebook segue calado


2 de junho de 2020 - 6h00

“Eu sei que o Facebook precisa fazer mais para apoiar a igualdade e a segurança da comunidade negra através de nossas plataformas”, afirmou Mark Zuckerberg (Crédito: Johannes Simon/Getty Images)

Semana passada foi marcada pelo embate entre Donald Trump e o Twitter após a rede social sinalizar uma postagem do presidente dos Estados Unidos com um alerta de conteúdo falso. Com isso, na última quarta-feira, 27, Trump assinou uma ordem executiva que reduz a proteção legal de grandes companhias de tecnologia, como Twitter, Google e Facebook. Já, na última sexta-feira, 29, o presidente usou a rede social para criticar os protestos que vem acontecendo em Minneapolis, após a morte de George Floyd, ex-segurança negro, por um policial branco. No post, Trump disse que havia conversado com o governador local, que o exército poderia assumir o controle dos episódios, que vêm gerando saques, incêndios e embates em várias cidade e que, se os saques começassem, os tiros começariam. Dessa vez, a rede social alertou de que a mensagem “viola as regras do Twitter sobre a glorificação da violência”.

Apesar do decreto assinado por Trump vislumbrar diversas mudanças na regulamentação das redes sociais tanto nos Estados Unidos quanto em outros mercados, o Facebook, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, até o momento se mantém neutra nessa “guerra” e seus funcionários começaram a se incomodar com isso. No último domingo, 31, diversos colaboradores da companhia usaram o Twitter para falar sobre suas divergências contra o CEO, Mark Zuckerberg, partindo de sua posição política que impede a rede social de verificar o presidente Trump.

“A inatividade do Facebook em derrubar o post de Trump incitando a violência me deixa com vergonha de trabalhar aqui”, disse Lauren Tran, uma engenheira da empresa em um tweet. “Eu discordo absolutamente disso. Gosto das partes técnicas do meu trabalho e trabalho ao lado de pessoas inteligentes/gentis, mas isso não está certo. Silêncio é cumplicidade”, completou.

https://twitter.com/sugarpirate_/status/1266470996162146304

Lauren foi uma das poucas funcionárias sinceras do Facebook neste fim de semana, revelando novas fissuras na empresa durante mais um momento social divisivo. Na segunda-feira, 1º, alguns dos colaboradores da companhia estavam sinalizando que iriam realizar uma paralisação virtual para manter a pressão. “Devemos nos posicionar em frente ao perigo, não atrás”, twittou Sarah Zhang, outra funcionária do Facebook.

Segundo o The Verge, na última sexta-feira, 29, os funcionários do Facebook expressaram suas preocupações sobre as políticas da empresa nos quadros de mensagens internos da companhia. Ao mesmo tempo em que o Twitter, seu concorrente, estava recebendo crédito por reprimir tweets ruins do presidente Trump, alguns funcionários do Facebook se perguntaram se sua empresa estava sendo muito respeitosa em relação a uma questão que exigia ações mais ousadas. “Mark está errado e vou me esforçar da maneira mais forte possível para mudar seu pensamento”, twittou Ryan Freitas, designer de produtos do companhia.

Resposta do Facebook

“Eu sei que o Facebook precisa fazer mais para apoiar a igualdade e a segurança da comunidade negra através de nossas plataformas”, escreveu Mark Zuckerberg no domingo, 1º, no Facebook. “Por mais difícil que fosse assistir, sou grato por Darnella Frazier ter postado no Facebook o vídeo do assassinato de George Floyd, porque todos precisávamos ver isso. Precisamos saber o nome de George Floyd. Mas está claro que o Facebook também tem mais trabalho a fazer para manter as pessoas seguras e garantir que nossos sistemas não amplifiquem o viés”.

O Facebook afirmou que respeitou a opinião dos trabalhadores desejaram se distanciar publicamente das políticas da empresa. “Reconhecemos a dor que muitos de nossos funcionários estão sentindo agora, especialmente nossa comunidade negra”, disse um porta-voz da empresa, em comunicado. “Incentivamos os funcionários a falar abertamente quando discordam da liderança. À medida que enfrentarmos decisões difíceis adicionais sobre o conteúdo a seguir, continuaremos buscando seus comentários honestos”.

O não posicionamento do Facebook em relação a este cenário não está impactando somente seus funcionários, mas também suas parcerias. Na última segunda-feira, 1º, à tarde, o Talkspace, aplicativo de saúde mental, congelou um acordo que tinha com a rede social para colaborar em serviços de bem-estar para os usuários. A CNBC informou pela primeira vez sobre o movimento de princípios da Talkspace. Não apoiaremos uma plataforma que incite violência, racismo e mentiras”, afirmou Oren Frank, CEO da companhia, no Twitter. Zuckerberg fez comentários públicos no início da semana passada, que reiteraram a posição do Facebook de que a plataforma não deveria ser o “árbitro da verdade”.

Posicionamento de outras empresas

Além do Twitter, diversas empresas e marca já se posicionaram em relação ao assunto. No último domingo, 31, Evan Spiegel, CEO do Snapchat, enviou um memorando para a sua equipe pedindo justiça social, de acordo com o The Information. No mesmo dia, Brian Chesky, CEO do Airbnb, twittou em apoio ao movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam, em tradução livre).

Também no domingo, a Amazon postou uma mensagem no Twitter dizendo: “o tratamento desigual e brutal dos negros em nosso país [Estados Unidos] deve parar”. A mensagem veio poucas semanas depois que a empresa teve que prestar contas publicamente de seu próprio tratamento aos seus funcionários durante a pandemia da Covid-19. Os colaboradores da Amazon se queixaram de condições insalubres nos armazéns e, no mês passado, um dos principais engenheiros da companhia, Tim Bray, renunciou em protesto e pediu melhor tratamento da empresa aos funcionários negros.

*Com informações do AdAge

**Crédito da imagem no topo: MrPliskin/istock

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