As lições de Lisa LaFlamme e de Dove sobre o combate ao etarismo

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Blog da Regina

As lições de Lisa LaFlamme e de Dove sobre o combate ao etarismo

A reação das pessoas, o poder de uma marca global e a postura corajosa da experiente jornalista canadense demonstram que o caminho da desconstrução do preconceito contra idade é árduo, mas está em curso


14 de setembro de 2022 - 0h04

Na última sexta-feira, 9, a jornalista canadense Lisa LaFlamme, foi anunciada como nova contratada do canal CityNews, de Toronto, para liderar a cobertura da morte e do legado da rainha Elizabeth e já apareceu no ar diretamente das ruas de Londres. A repercussão local dessa contratação foi imensa e a esmagadora manifestação da audiência foi positiva. Isto porque algumas semanas antes, LaFlamme, que passou os últimos 35 anos como âncora-chefe do CTV National News, foi demitida de maneira ruidosa, sendo alçada a manchete em todo o país.

Lisa LaFlamme cometeu a ousadia de aparecer no vídeo com seus cabelos naturais, sem tintura, mostrando os fios brancos. Foi o suficiente para que um executivo sênior da rede, segundo o Globe and Mail, “perguntasse quem havia aprovado a decisão de ‘deixar o cabelo de Lisa ficar grisalho'”. Em um vídeo de dois minutos postado no Twitter em 15 de agosto, LaFlamme anunciou que foi “surpreendida” pela decisão da CTV de encerrar abruptamente seu contrato após 35 anos com a rede. “Aos 58 anos, eu ainda achava que teria muito mais tempo para contar mais histórias que impactam nosso dia a dia”, disse ela.

A jornalista canadense Lisa LaFlamme, que passou os últimos 35 anos como âncora-chefe do CTV National News, foi demitida por aparecer no vídeo com seus cabelos naturais, sem tintura, mostrando os fios brancos (Crédito: Reprodução/Instagram(

O público foi rápido em condenar a decisão da CTV como etarista e discriminatória. E alguns dias depois, a marca Dove, no Canadá, inspirada no episódio, se posicionou contra o preconceito de idade no local de trabalho em uma campanha em suas redes sociais. A empresa, que construiu sua reputação na diversidade e na inclusão e no ano passado fez ondas com sua poderosa campanha ‘Reverse Selfie‘, projetada para combater o retoque de imagem nas mídias sociais, anunciou no final de agosto que está ‘ficando cinza’. Em um post compartilhado no Instagram, a marca disse: “Mulheres com cabelos grisalhos estão envelhecendo fora do local de trabalho, então Dove está ficando grisalha”.

A marca mudou seu logotipo dourado para uma versão cinza em seus canais sociais para mostrar apoio a mulheres mais velhas e mulheres com cabelos grisalhos que podem enfrentar discriminação indevida no local de trabalho. Dessa forma, está incentivando os consumidores em todos os lugares a sinalizarem seu apoio atualizando suas fotos de perfil para imagens em escala de cinza e usando a hashtag #KeepTheGrey nas mídias sociais. “Juntos, podemos apoiar mulheres que envelhecem lindamente em seus próprios termos”, disse a marca em seu post no Instagram.

 

Para apoiar essa afirmação, a marca anunciou a doação de US$ 100.000 para a Catalyst, uma organização global sem fins lucrativos fundada pela escritora feminista Felice Schwartz que está comprometida em tornar os locais de trabalho em todos os lugares mais inclusivos para as mulheres.

O caso de Lisa LaFlemme é emblemático, pois representa uma inflexão e uma mudança de postura a algo que até hoje foi aceito como ‘normal’: o de que mulheres têm que se submeter a padrões criados pela própria indústria de beleza e a uma sociedade machista. No entanto, a reação das pessoas, o poder de uma marca global como a Dove e a postura corajosa da experiente jornalista canadense demonstram que o caminho da desconstrução do preconceito contra idade é árduo, mas está em curso. E iniciativas assim tendem a acelerar essa jornada.

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