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Marketing

Como a crise do YouTube pode favorecer a Amazon

Parceria com o youtuber PewDiePie e um programa recente com políticas voltadas a influenciadores mostra as pretensões da empresa


18 de abril de 2017 - 8h06

Em menos de quinze dias, a Amazon deixou claro que sua estratégia de crescimento inclui uma forte política voltada a influenciadores. Após divulgar um memorando de intenções com regras para influenciadores digitais atuarem com a marca, a empresa informou, na semana passada, parceria com Felix Kjellberg, então dono do canal mais popular do YouTube – o PewDiePie com 56,4 milhões de assinantes – para produzir um canal no Twitch, site de streaming de partidas e podcasts sobre videogame.

Kjellberg justificou que o principal motivo de ter ido para a plataforma está associado aos prejuízos que ele está tendo desde fevereiro quando alguns de seus vídeos com conteúdo considerado ofensivo fizeram com que ele perdesse contrato com a Maker Studios, da Disney, e com o próprio Google.

Para especialistas ouvidos por Meio & Mensagem existe uma relação direta com o atual momento do YouTube, que no início de abril anunciou a mudança na forma de monetização fazendo com que os criadores precisam alcançar 10 mil visualizações em um canal antes de poder vincular anúncios, e a investida da Amazon nos influenciadores. “A Amazon está abordando os influenciadores de duas formas: como influenciadores de decisões de compra e como criadores de conteúdo”, diz Bia Granja, fundadora do youPIX.

Segundo Bia Granja, será uma briga por conteúdo e também por audiência. “Youtubers têm um potencial criativo enorme e já estabeleceram uma conexão com o público jovem digital que a TV linear (e até o cabo, por vezes) não atinge mais. O ecossistema do YouTube representa um celeiro criativo sem igual e também a oportunidade de chegar na audiência sem intermediários”, diz Bia.

Para Marcelo Coutinho, consultor digital e professor de estratégia e comunicação da Fundação Getúlio Vargas, a Amazon está se preparando para uma forte mudança de tendência nos canais de venda do varejo. “Análise dos balanços dos principais varejistas nos EUA e Europa mostram um movimento crescente para novos formatos de venda, incluindo os marketplaces e o chamado ‘social selling’”. De acordo com Coutinho, ao contratar youtubers de prestígio, a Amazon sinaliza que vai investir, ou pelo menos explorar, novos formatos de vendas que podem beneficiar tanto suas vendas diretas como a dos integrantes de seus marketplaces.

Victor Azevedo, especialista digital do IBMEC, afirma que as mudanças de monetização do YouTube abriram espaço para outras plataformas como a Amazon. “Com isso, o óbvio está acontecendo, a Amazon aproveitou toda a polêmica para trazer o PewDiePie para sua plataforma de streaming voltada para jogos e também está lançando um programa de afiliados voltado para influenciadores digitais com foco nos seus produtos”, diz Azevedo. Para Eric Messa, coordenador geral do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP, os influenciadores já alcançaram um momento da sua evolução em que a remuneração oriunda da publicidade no YouTube já não é mais o interesse principal de fonte de renda. “Eles estão experimentando novos formatos de negócios e monetização e nesse contexto, o programa de afiliados, exclusivo para influenciadores, parece surgir para atender essa demanda”, diz Messa.

 

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