Congresso americano pressiona a CEO da GM
Montadora contrata advogado especialista em desastres para negociar com famílias das vítimas de acidentes causados por falhas em seus veículos
Montadora contrata advogado especialista em desastres para negociar com famílias das vítimas de acidentes causados por falhas em seus veículos
Meio & Mensagem
2 de abril de 2014 - 10h26
Por Michael McCarthy, do Advertising Age
A CEO da General Motors Mary Barra foi esperta o bastante para trocar o jato executivo da firma por um voo comercial, ao se dirigir para Washington na terça-feira 1, para encarar uma sabatina no congresso americano.
Do ponto de vista das relações públicas, Mary teve atitudes corretas. Sentada sozinha no plenário, sem nenhum advogado a sussurrar em seu ouvido, ela pediu desculpas pela situação “trágica” em que a empresa está envolvida, deu respostas curtas e diretas quando pode e jurou que a “nova” GM tomará as decisões certas no futuro.
Também encontrou-se rapidamente com algumas das famílias das vítimas de acidentes ocasionados por falhas nos carros da montadora, que demorou a alertar aos proprietários a necessidade de reparo nos veículos. E anunciou a contratação pela empresa do advogado Kenneth Feinberg (responsável pelos fundos em prol das vítimas do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 e do atentado na Maratona de Boston, em 2013) para decidir como será feita a compensação aos proprietários dos veículos e suas famílias.
Mas isso foi praticamente tudo o que aconteceu de bom para Mary, uma vez que os membros do comitê responsável pelos questionamentos dispararam perguntas quanto à demora da General Motors em agir no caso da falha na ignição dos veículos à qual 13 mortas estão associadas e cujo recall abrange mais de três milhões de carros. É a maior crise da montadora desde que precisou ser socorrida pelo governo americano em 2009. Apenas neste ano, os recalls informados pela companhia afetaram quase sete milhões de veículos, amassando a recém-reparada reputação de qualidade da GM.
“O tempo foi passando, e a GM não fez nada – e ainda continuou a vender veículos que sabia não serem seguros”, afirmou a deputada democrata Diana DeGette, ressaltando que a chefe da General Motors se limitava a dizer sim ou não às perguntas. Outros congressistas lembraram que antes de herdar a crise do recall em janeiro, quando assumiu como CEO da companhia, Mary era vice-presidente global de desenvolvimento de produto, responsável pelas compras e a cadeia de fornecedores.
“Nós queremos saber quem sabia o quê na empresa. E , Sra. Barra, isso inclui você. Demandaremos saber exatamente qual era o seu conhecimento sobre o problema, uma vez que agora é a CEO da GM”, afirmou a deputada republicana Marsha Blackburn.
Com as investigações internas da GM ainda em curso, a verdade é que Mary não poderia mesmo oferecer muitas respostas, o que não caiu muito bem para os impacientes membros do congresso americano – especialmente porque os cidadãos americanos que pagam seus impostos foram forçados pelo governo a participar da operação que recentemente salvou a montadora da falência.
Preocupações com o custo
A CEO da GM foi interrogada a respeito de revelações de que a empresa teria avaliado como caros demais os custos para a realização dos reparos necessários aos veículos, de acordo com documentos obtidos em investigações do Congresso. O deputado republicano Tim Murphy perguntou à executiva como a montadora equacionava essa conta entre custos e segurança.
“Nós não fazemos essa conta”, afirmou Mary. “Hoje em dia, se há uma questão de segurança, simplesmente tomamos as ações necessárias. Mudamos de uma cultura de custos para uma cultura voltada para o consumidor.”
Sob o olhar das famílias das vítimas que acompanhavam a audiência, o deputado democrata tentou fazer graça ao cumprimentar a General Motors por unir os rivais democratas e republicanos sob um mesmo objetivo. Mas a imagem mais forte para aconteceu quando o deputado Bruce Braley notou fotografias das vítimas expostas nas paredes do fundo do salão. “Vejo jovens mulheres que tinham a mesma idade da minha filha. Vejo homens jovens que tinham a mesma idade dos meus dois filhos”, lamentou.
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