Crise traz millennials à realidade de seus antecessores
Enfrentando pela primeira vez um cenário econômico adverso, público tende a aderir a algumas medidas mais conservadoras
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Roseani Rocha
7 de junho de 2016 - 14h00
A Consumoteca realizou um amplo estudo sobre os millennials. Uma parte importante da pesquisa foi dedicada especificamente a analisar como esses jovens lidam com a crise econômica. O grupo, formado por pessoas que têm entre 18 e 35 anos e não é tão homogêneo assim, como destaca Michel Alcoforado, sócio-fundador da empresa de pesquisa, cresceu sem saber o que era uma grande crise econômica no País.
Embora muita gente tenha destacado o quão diferentes eles eram em relação às gerações anteriores, no atual momento de aperto econômico eles têm enfrentado o dilema de manter algumas convicções – como trabalhar somente naquilo que lhes traz algum prazer – e encarar a realidade do mercado. Diante disso, têm se mostrado parecidos em alguns pontos em relação a seus antecessores. Um exemplo marcante no estudo: se a renda voltar a aumentar, 56% disseram que pretendem poupar dinheiro, o que mostra certo conservadorismo.
Por outro lado, quando questionados sobre do que não abririam mão mesmo se a renda diminuísse, a Netflix aparece à frente de dentista. Já o badalado processo de gourmetização começa a ser relativizado. “Marcas que nos anos de bonança não apostaram em seus atributos de valor vão ter, agora, que brigar por preço”, diz Alcoforado. Estariam nesse rol, por exemplo, marcas de iogurtes (exceto os funcionais). A ordem é ser sofisticado, mas dentro de casa, o que mantém em alta a audiência dos programas sobre culinária. Para algumas categorias, no entanto, centavos a mais ou a menos vão pesar na decisão de compra.
Segundo o pesquisador, o público de 18 a 24 enfrenta dilemas particulares: se sente enganado, pois programou a vida para ser independente e feliz tão logo terminasse a faculdade, atingindo um cargo de chefia rapidamente, mas agora não consegue nem estágio. Além disso, deveriam estar consumindo plenamente e têm sido obrigados a frear esse impulso. Os chamados “nem-nem” (nem trabalham, nem estudam) têm representantes em todas as classes sociais e estão entre os que mais se preocupam em poupar, juntamente com os mais velhos (30 a 35 anos), que já são casados e têm filhos. De modo geral, os millennials ainda estão comprando e se preocupando com marcas, mas agora também olham preço. Diante disso, o caminho de construção de marca, segundo Michel Alcoforado, mudou. Antes, havia um influenciador, um comprador e um usuário, agora todos estão misturados numa pessoa só. A saída para estabelecer uma conexão com esses jovens é investir em novas plataformas e conteúdos. “Os publicitários que me perdoem, mas se alguém começa um briefing preocupado com filme de 30 segundos, já começou errado”, sentencia.
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