Rotatividade de CEOs em 2018 é recorde
Mudanças econômicas e falhas éticas estão entre responsáveis por turnover 17% maior do que em 2017
Mudanças econômicas e falhas éticas estão entre responsáveis por turnover 17% maior do que em 2017
Victória Navarro
2 de agosto de 2019 - 11h07
No ano passado, a renovação de profissionais no cargo de chief executive officer (CEO) foi 17% maior do que a de 2017. É a maior porcentagem já revelada pelo CEO Success Study, pesquisa realizada pela Strategy& da PricewaterhouseCoopers (PwC) que está em sua 19ª edição. O levantamento analisou sucessões de presidentes executivos de 2,5 mil companhias públicas mundo afora. Realizado em 2018, de 1º de janeiro até 31 de dezembro, o estudo leva em consideração dados demográficos e fontes externas.
De acordo com Ricardo Pierozzi, sócio da empresa de consultoria e estratégica, a alta rotatividade de CEOs é resultado, majoritariamente, de planejamento. “As mudanças da indústria, como crescimento da economia, deram sentido a essa troca. O longo período de estabilidade econômica, com falta de chacoalhadas, fez os chief executive officers ficarem mais tempo no mercado. Porém, agora, é necessário uma mudança de safra”, aponta. O executivo também destaca a valorização de questões éticas. No ano passado, 39% dos presidentes foram forçados a sair de empresas por causa de algo relacionado à postura ética, em vez de problemas financeiros e lutas no conselho. “Caso algo grave acontece dentro da companhia, o CEO é diretamente responsabilizado. As mídias sociais também ajudam a disseminar problemas de fraude e de abusos rapidamente. Em questão de horas, a notícia circula no mundo todo”, explica Ricardo.
A rotatividade de CEOs em 2018 aumentou em todas as regiões pesquisadas, exceto China, onde a amostragem de pesquisados é menor — o executivo da Strategy& também reforça que o mercado chinês amadureceu, depois de um longo período de crescimento. Na Austrália, no Chile e na Polônia, a renovação cresceu 21,9% em comparação com o número de 2017; e, no Brasil, na Rússia e na Índia, cresceu 21,6%. “O Brasil vive uma recessão de mais de quatro anos. Vivemos uma particularidade de ciclo muito forte. Então, é normal que, aqui, esse número seja alto”, comenta Ricardo. Os números mais altos de mudança foram na Europa Ocidental (19,8%) e os menores forma na América do Norte (14,7%).
A rotatividade foi maior em empresas de comunicação (24,5%), seguida pelas de materiais (22,3%) e de energia (19,7%). Healthcare viu a menor taxa de renovação de presidentes em 2018, com 11,6%. A hipótese é que indústrias que atravessam período de grande transformação, como a de comunicação, são mais impactadas. “Essas empresas estão mudando de direção, criando produtos e mudando estratégias. Então, é normal que novos CEOs assumam. Esse mercado tem a característica de ter uma rotatividade mais alta, porque é mais volátil”, diz Ricardo. Por outro lado, companhias de healthcare são tipicamente mais estáveis.
Em 2018, o mandato médio de um CEO foi de cinco anos. No entanto, esse dado esconde um grupo de profissionais com permanência relativamente curta, de três a quatro anos, e um grupo de longevidade grande, de 13 a 14 anos. Na América do Norte, 30% dos chief executive officers têm a chance de ficar por muito tempo no cargo; na Europa Ocidental, 19%; Japão, Brasil, Rússia e Índia, 9%; e China, 7%.
Para Ricardo, presidentes de longa data não costumam realizar boas transições para novos executivos. “Se o chief executive officer está há muito tempo na companhia, ele não presta sua sucessão como deveria. Quem chega é alguém que vem de fora ou alguém que está com ele há muito tempo, mas não foi preparado para sucedê-lo. Além disso, os CEOs de muito tempo criam uma expectativa muito alta. Ele, obviamente, ficou lá porque gerou um resultado consciente. Mas, os sócios têm uma expectativa dali em diante. Quando a performance cai para um resultado usual, os sócios se frustram e fazem uma troca rápida”, clarifica.
*Crédito da foto no topo: Rawpixel/iStock
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