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Mobile muda a estratégia de jogo da Nintendo

Após o sucesso de Pokémon Go, empresa japonesa conhecida por estilo tradicional, lança o Super Mario Run para celular e indica um novo rumo para seus negócios


14 de setembro de 2016 - 8h00

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O último jogo de ação do Mario foi lançado em 2013. (Créditos: Reprodução)

Na última quarta-feira, 7, a Nintendo surpreendeu o mercado de games ao anunciar uma parceria com a Apple e apresentar o Super Mario Run, primeiro jogo da empresa para celular. A novidade foi apresentada por ninguém menos que Shigeru Miyamoto, criador do Super Mário e do The Legend of Zelda, durante o evento que mostrou ao mundo o iPhone 7, Apple Watch 2 e outras novidades da Apple.

Para a Nintendo e jogadores ao redor do mundo, o anúncio representa uma grande mudança. Desde que a empresa centenária começou a investir em videogames, em 1970, as suas principais franquias sempre foram muito restritas, principalmente os clássicos como Super Mario. Jogos como esse só poderiam ser desenvolvidos pela própria Nintendo e jogados em hardwares da empresa, como Nintendo, Super Nintendo, Nintendo 64, Game Boy, Nintendo DS e outros. O anúncio mostra que a empresa está se comprometendo mais com o mercado de mobile e, para isso, escolheu a Apple como aliada.

“A Nintendo, por muitos anos não quis entrar no mercado de jogos do celular, mas isso também se reflete um pouco no que acontece dentro da empresa”, comenta Bruno Silva, editor de games do site Omelete. Segundo Bruno, o caráter tradicional da empresa e uma estruturação rígida -desde a criação, a Nintendo só teve cinco presidentes -, contribui para que esses projetos sejam desenvolvidos. “Por mais que demore para implementar essas mudanças, quando isso acontece, gera uma grande mudança no mercado como um todo”, explica Bruno.

Apesar da Nintendo ser uma das mais reconhecidas desenvolvedoras de games no mundo, ao lado de Sony e Microsoft, os seus consoles estão encontrando algumas dificuldades para emplacar no mercado. O Wii U, último lançamento da empresa e sucessor do muito popular Wii, não teve sucesso. E o Nintendo 3DS, a nova geração do vídeo game portátil DS, não está indo bem, na verdade, as vendas da primeira versão continuam sendo superiores.

Dois meses antes, no começo de julho, o Pokémon Go chegou ao mercado, fazendo com que as ações da Nintendo disparassem e alcançassem níveis que não eram vistos pelos investidores há muito tempo. No entanto, o que poucos sabem é que o jogo não é realmente da Nintendo, ele foi desenvolvido pela Niantic Inc., uma franquia que tem a empresa japonesa como uma de suas principais acionistas.

O jogo para caçar monstrinhos já foi baixado mais de 500 milhões de vezes e as ações da Nintendo praticamente dobraram desde março de 2015, quando a empresa se comprometeu com a era do smartphone, adicionando uma quantia próxima a US$ 20 bilhões ao seu valor de mercado. Com o anúncio do Super Mario, Wall Street respondeu da mesma forma quando teve o lançamento do Pokémon Go. As ações da empresa chegaram a US$ 36 dólares, apenas um dólar atrás do pico que alcançou com o Pokémon.

07144458611423A grande diferença está na elaboração do jogo. Enquanto o Pokémon Go foi desenvolvido por uma empresa parceira, com supervisão da Nintendo, o Super Mario está sendo construído dentro da própria companhia. Então, o que nós temos aqui é o time principal da Nintendo produzindo um jogo com o seu mais conhecido personagem.

Para Lucas Ribeiro, game designer e responsável pelo curso de desenvolvimento de games da Redzero, essa movimentação da Nintendo em direção ao mobile já é algo muito importante. “Esses dois jogos mostram bastante uma mudança de mentalidade da empresa que era praticamente fechada, mas que agora está se aventurando em novas possibilidades, ” comenta Lucas.

Há alguns anos a empresa japonesa desistiu da briga por tecnologia nos consoles, deixando que a Microsoft, com o Xbox, e a Sony, com o Playstation, lançassem hardware atrás de hardware. “Eles (Microsoft e Sony) ficam brigando entre si com tecnologias parecidas, enquanto a Nintendo não se preocupa muito com isso”, comenta Lucas. Para ele, isso acontecesse por nenhuma das empresas ter propriedades intelectuais tão bem-sucedidas como as da Nintendo. “Se você olhar os videogames que a Nintendo já fez, nenhum é parecido um com o outro, todos os consoles vieram com alguma novidade, ” explica.

 

 

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