Marcos Vicca
19 de abril de 2011 - 9h05
Estive no Morumbi semana passada para assistir a última apresentação da turnê 360º do U2 no Brasil. Ante tudo o que já foi comentado e explorado pelos veículos, não preciso detalhar aqui a espetacular produção sem precedentes, o carisma da banda, o repertório incrível ou a emocionante reação da plateia. Tudo já esperado em se tratando de quem é.
O que chamou a minha atenção não foi a conexão do público com o show, mas com sua rede de amigos e seguidores virtuais. Estava numa área muito próxima ao palco e quando tentei acessar o Facebook (sim, eu também fui “pego” por esse vício) para postar uma foto que havia acabado de tirar, o cara que estava logo atrás de mim perguntou “Você está conseguindo acessar o ‘Face’? Aqui não vai”. Postar fotos, informar e até comentar os shows virou quase uma responsabilidade.
Há cerca de 15 anos tínhamos que esperar os jornais do dia seguinte ou torcer por uma breve cobertura televisiva para sabermos o que aconteceu num grande evento. Hoje as redes sociais conseguem ser mais rápidas (e interessantes) do que os principais portais da internet. Potencialmente, haviam 90 mil repórteres no Morumbi, nos mais variados pontos e com opiniões diversas sobre o que acontecia na monumental estrutura do U2. Quem ficou em casa passeando por suas redes sociais teve uma rica cobertura do show em tempo real.
Já se discutiu muito como o avanço da tecnologia mudou a forma de como se compra, armazena e consome música. Ocorre que agora está mudando também a experiência de como interagir com o artista ao vivo. Primeiro os celulares tomaram o lugar dos isqueiros trazendo novas cores para os shows. Agora “roubam” parte da atenção do público, antes totalmente dedicada para o artista. Minha dúvida é: em outros tempos isso potencializaria ou arrasaria movimentos e estilos?
De qualquer forma, ainda bem que os Ramones escaparam de tudo isso.
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