Milena Seabra
30 de maio de 2011 - 8h31
Essa semana participei de um debate sobre o papel da mulher no século XXI. A discussão permeou a posição da mulher no mercado de trabalho, sua relação com o homem no ambiente corporativo, preconceito, família e filho. Mas o debate também abordou o poder de consumo da mulher, seus hábitos e o novo papel que vem assumindo na sociedade.
Achei a discussão pertinente, pois atualmente a população feminina está assumindo um papel cada vez mais destacado no desenvolvimento sócio-econômico do país. Além disso, a segmentação nunca esteve tão presente na vida dos profissionais de marketing e o mercado nunca teve tanto interesse no público feminino, pois sabemos que são as mulheres que decidem boa parte das compras e mesmo quando não decidem, exercem forte influência.
As principais protagonistas dessa tendência são as mulheres da Classe C que cada vez mais assumem a independência financeira e passam a ter mais poder de decisão. Atualmente 25% dos lares brasileiros da Classe A têm sua renda familiar proveniente de mulheres, enquanto na Classe C essa participação é de 41%. Além de cuidar da família, essas mulheres ainda trabalham fora e respondem por 37% da massa de renda total da classe média – montante que deverá atingir R$ 158 bilhões até o final deste ano, conforme dados do Data Popular.
Quanto ao hábito de consumo, a mulher da Classe C já responde por mais da metade da clientela, que consome produtos e serviços dos mais variados. Enquanto 59% dos homens da Classe C têm cartão de crédito, por exemplo, entre as mulheres esta taxa é de 62%. Nas lojas de roupas, supermercados e farmácias, elas são 51% do público consumidor. E nos shoppings, há pelo menos 12 clientes mulheres da Classe C para cada dez compradores do sexo masculino.
“A mulher contemporânea pesquisa os melhores preços, quer estar em dia com moda e estilo, cuida da saúde e estética, além de fazer o que for preciso para proteger sua família. Estamos diante de uma ‘supermulher’, que preza pela praticidade e que concede espaço em seu dia-a-dia para produtos que venham ao encontro de suas necessidades, que são muitas", afirma Dora Câmara, diretora Comercial do Ibope Mídia.
O protagonismo feminino também está ligado à atuação das jovens mulheres, que somam quase 8 milhões de pessoas entre 16 e 25 anos na Classe C. Desse total, 5,5 milhões estão no mercado de trabalho e 2 milhões estão cursando uma faculdade ou já concluíram o ensino superior.
A última pesquisa do Ibope sobre hábitos de consumo das mulheres apontou que 69% das brasileiras fizeram compras nos últimos 30 dias. Pelo menos 84% delas preferiram lojas de rua aos shoppings (60%). Entre as mulheres que foram às compras nos últimos 30 dias, 79% compraram roupas femininas, 61% calçados, 44% roupas para homens e 40% roupas para crianças e bebês. O gasto médio das compras foi de R$ 190,83.
Outro dado interessante é que 18% das mulheres fazem compras pela internet, um aumento significativo se comparado ao resultado da pesquisa feita em 2010, quando apenas 10% delas afirmaram ter feito compras pela internet. Ao explicar seus hábitos de consumo, as mulheres destacam que sempre procuram ofertas e descontos (82%), que vale a pena pagar mais por produtos de higiene pessoal de boa qualidade (80%), que são fieis à marca quando gostam do produto (70%), que planejam a compra de produtos caros (68%) e que costumam experimentar novas marcas (50%).
Basta acompanhar os fatos e acontecimentos para percebermos a mudança no universo feminino. Alguns nunca imaginaram que veriam a mulher com tanto poder. Hoje temos uma mulher no maior cargo desse país, como presidente da república, além de ministras, juízas, delegadas, executivas. Para nós mulheres é um motivo de orgulho, para nós profissionais de marketing uma grande oportunidade.
* Diretora de marketing corporativo do GRPCOM – Grupo Paranaense de Comunicação
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