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Estamos vivendo numa bolha?

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Ponto de vista

Estamos vivendo numa bolha?


1 de junho de 2011 - 4h11

No mês passado foi publicado um vídeo muito interessante no TED sobre customização de conteúdo na web e o quanto isso pode ser bom ou ruim para as pessoas.

Eli Pariser, na sua tese sobre "filter bubbles", começa dando alguns exemplos como o de conteúdos da sua própria pagina no Facebook que de repente sumiram, e de buscas iguais feitas no Google por 2 pessoas diferentes e o quão diferentes aparecem os resultados para cada uma delas. Isso ocorre porque a internet está caminhando para uma customização máxima de informações, onde somente vão ser entregues informações que para certa pessoa é relevante conforme navegações anteriores que essa pessoa fez na web.

O autor faz um paralelo sobre antigamente onde éramos reféns de uma comunicação feita por editores que filtravam as notícias antes de publicar na mídia. Depois veio a internet e finalmente estávamos acreditando numa liberdade total de acesso as informações do mundo. Pois é, parece que não é bem assim. Hoje os filtros são algoritmos combinados que trazem aquilo que acham ser relevante para você. Segundo Eric Schmidt, CEO do Google, vai ser muito difícil para as pessoas assistirem ou consumirem algo que de alguma forma não foi adaptado para elas.

Mas a grande questão é que nem sempre queremos ou precisamos ver aquilo que nos é mostrado na internet. Queremos e precisamos ver o diferente, opiniões contrárias, a realidade clara do que acontece no mundo para dai estabelecer nossos próprios julgamentos.

A busca por customização está em todo lugar e hoje vemos grandes portais de noticias feitos sob medida ao que nos interessa, revistas digitais que mapeiam seus interesses através de suas redes sociais (ex: Flipboard), sites de compras que recomendam produtos comprados por pessoas que tem um perfil parecido com o seu e até serviços de reservas de restaurantes que te colocam em contato, sentados numa mesma mesa, com pessoas com hábitos similares aos seus. Ou seja, segundo Eli, estamos vivendo numa bolha, em torno dos mesmos assuntos, numa internet individual e não coletiva.

Lembro quando um colega de trabalho me contou que procurou um livro especifico na Amazon para dar de presente e, a partir daí, em seus próximos acessos ao site, tudo que estava relacionado ao tema do livro era mostrado em seus resultados de busca, atrapalhando profundamente sua navegação.

Até que ponto queremos ter essa customização? Será que essa forma de usar a relevância de conteúdo é na verdade uma forma de nos deixar míopes e viver sempre dentro dos mesmos temas? Será que esse tipo de serviço vai de encontro à natureza da internet, da democracia total?

Bom para refletir e pensar nos próximos passos de serviços no mundo digital.

* Andréa Dietrich é responsável pelo núcleo digital do Grupo Pão de Açúcar

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