Milena Seabra
27 de junho de 2011 - 1h00
Sabemos que o mundo e as relações estão cada vez mais digitais e que as pessoas estão cada vez mais conectadas. Mas é necessário buscar o equilíbrio para não cometer certos exageros e se transformar em um viciado digital. Uma cena, até muito comum nos dias de hoje, mas que não pode ser tratada como natural, é a de amigos compartilhando uma mesa de bar, em um local divertido com várias pessoas ao redor, mas mergulhados em um mundo paralelo.
Normalmente amigos saem juntos com o objetivo de se divertir, trocar ideias e contar histórias, portanto o que justifica pessoas estarem juntas, mas conectadas em mundos individuais? O fato é que o uso cada vez maior de aparelhos como smartphone e iPhone atrelado à proliferação dos canais de comunicação a distância, como MSN, skype e redes sociais, possibilita o surgimento de pessoas viciadas em informação, que sentem necessidade de estar conectadas 24 horas por dia, usando a tecnologia para interagir.
Precisamos levar em consideração também que o volume de informações produzidas hoje no mundo gira em torno de 1,5 bilhão de gigabytes por ano. Isso gera uma média de 250 megabytes de informação para cada homem, mulher e criança do planeta. Seriam necessários dez computadores pessoais para cada pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia desse arsenal de conteúdo.
Estima-se também que já se possua em torno de 4 bilhões de páginas na internet. Isso traz reflexos diretos no comportamento das pessoas, que cada vez mais se sentem incapazes de absorver essa quantidade de informações e de se desconectar do universo digital.
Um estudo realizado com 500 universitários norte-americanos mostra a dependência digital que jovens alunos têm nos dias de hoje. Entre os entrevistados, 27% declararam que o item mais importante em suas mochilas é o notebook – contra 10% que responderam “livros” para a mesma pergunta.
A dependência chega a impressionar: 98% deles disseram possuir algum aparelho digital e 38% afirmaram não poder passar mais de 10 minutos sem checar um desses aparelhos. Pelas respostas, porém, não é um desperdício de tempo: 85% dos estudantes revelaram que a tecnologia faz com que economizem tempo durante os estudos.
Os estudantes também usam a tecnologia para atividades que antes envolviam lápis e papel, como trabalhos escritos (82%), pesquisas (81%), anotações durante a aula (70%) e apresentações (65%).
Ninguém tem dúvida do benefício que a tecnologia trouxe para o mundo atual, reduzindo distâncias, aproximando pessoas e possibilitando um acesso à informações, nunca antes imaginado. O importante na verdade é apenas ressaltar que muitas vezes a comunicação digital é fria e pode fragilizar os relacionamentos pessoais e profissionais.
O que não podemos é nos tornarmos reféns da tecnologia, deixando de lado outras atividades que não dependam dela. Precisamos nos policiar para não deixar o mundo virtual tomar conta do mundo real, pois acredito que aqueles que vão concentrando as relações apenas nos meios virtuais poderão perder competitividade em relação àqueles que conseguem fazer um mix das duas formas de relacionamento.
A melhor forma de saber se você é um viciado digital é se imaginar em um SPA rural durante um final de semana, sem internet nem celular. Se isso te deixar em pânico, cuidado, talvez você precise de uma desintoxicação digital.
A verdade é que acredito que não exista tecnologia boa o suficiente para substituir as relações pessoais, o contato físico, uma boa conversa com amigos, mesmo que esses encontros sejam viabilizados através das redes sociais.
* Milena Seabra é diretora de marketing do GRPCom
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