O chavão nosso de cada dia
Existe uma distância abissal entre jargão profissional e chavão. Um tem serventia. Já o outro, pode sair daqui direto para o pelotão de fuzilamento
Existe uma distância abissal entre jargão profissional e chavão. Um tem serventia. Já o outro, pode sair daqui direto para o pelotão de fuzilamento
Meio & Mensagem
28 de abril de 2014 - 10h55
Se você trabalha com comunicação, deve estar careca de saber que existe uma distância abissal entre jargão profissional e chavão. Um tem serventia e merece continuar vivo. Já o outro, se você concordar comigo e me ajudar a espalhar essa ideia, pode sair daqui direto para o pelotão de fuzilamento.
O jargão merece ser preservado porque ajuda a economizar tempo. Se você está falando com gente da mesma espécie profissional, é natural usar siglas, termos ou expressões que todos ali conhecem para resumir ideias longas e complexas.
O repórter de TV faz a “cabeça da matéria”, o editor do jornal segue o “espelho”, faz o “olho”, define a “pauta”.
O publicitário pega o “briefing”, bola o “slogan”, produz o “monstro”.
O profissional de marketing “posiciona” a marca, atinge o “target”, conquista “share of mind”.
É verdade que existe abuso de termos em inglês, especialmente nos casos em que o equivalente em português não deixa nada a desejar. As vendas crescerem “dois dígitos” já está bom demais – não precisa apelar à contabilidade criativa do “double-digit”.
É verdade também que o jargão pode se transformar num elemento de segregação – então os bons modos recomendam evitá-lo quando alguém presente não o domina.
Mas, no frigir dos ovos, o jargão mais ajuda do que atrapalha a comunicação.
Já o chavão… Esse não merece a nossa companhia!
Chegou a hora de mandá-lo ao paredão!
Chavão, como se sabe, é aquela palavra ou expressão que talvez até tenha soado original quando novinha, mas foi castigada pelo uso e pelo tempo. De tão utilizada para impressionar a audiência, virou lugar-comum. De tão surrada por gente querendo falar bonito ou forjar autoridade no assunto, perdeu o valor. E foi se transformando aos poucos em instrumento de tortura para os ouvidos mais sensíveis.
Você concorda comigo? Então vamos à luta! Chegou a hora de sair da zona de conforto. Criar sinergias para enfrentar nosso inimigo comum.
Mas antes é bom alinhar nossas expectativas. Colocar todos na
mesma página. Minha proposta é viralizar a luta contra o chavão. Mostrar que ele não agrega valor. Subir a régua do nosso discurso – afinal, somos ou não somos profissionais de comunicação?
Está vendo a área de comentário aqui embaixo? Ela é a nossa trincheira. Use esse espaço para listar seus chavões preferidos ou detestados.
Se dermos sorte, o mundo ficará sabendo o quanto o chavão prejudica o story telling. O quanto ele envelhece o look and feel.
Juntos, podemos imprimir nossa marca no big data das boas práticas.
E ajudar outras pessoas a ser como nós, que sabemos pensar fora da caixa.
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