Checadores de notícias se preparam para ano agitado
Agências especializadas apostam no crescimento da prática em período eleitoral; Facebook lança programa de apoio a quem “combate desinformação”
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Luiz Gustavo Pacete
12 de janeiro de 2018 - 7h18
O ano eleitoral no Brasil e o clima de divisão que vive o País trarão elementos adicionais ao desafio de combater às notícias falsas. O tema, que ganhou maior visibilidade durante as eleições americanas, em 2016, que culminou na vitória de Donald Trump, passou a ser, inclusive, um assunto de preocupação por parte dos órgãos responsáveis pelo processo eleitoral no Brasil. No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em um de seus principais eventos anuais, apresentou várias discussões sobre o assunto.
Estudo da Kantar, publicado em outubro com 8 mil pessoas do Brasil, França, Reino Unido e Estados Unidos, mostra que nos quatro países estudados, 46% dos consumidores de notícias acreditam que as fake news tiveram impacto nos resultados de suas últimas eleições. No Brasil, 69% acreditam que este tipo de notícia tem impacto político, e, nos EUA, 47% acham que houve uma influência. Por outro lado, 44% deles acreditam que as audiências têm a responsabilidade de combater as fake news.
Tai Nalon, diretora executiva e cofundadora da Aos Fatos, acredita que as perspectivas de proliferação de fake news durante as eleições não são boas. “No entanto, da mesma maneira que são esperadas informações falsas, distorcidas e fabricadas, também apostamos que as pessoas estão começando a ficar cientes de que não devem acreditar em absolutamente tudo que leem nas redes”, diz Tai. Ela não acredita que o volume de informações falsas motivará a criação de novas empresas especializadas em checagem. “Será comum que, durante períodos eleitorais, esforços sazonais de checagem de informações sejam criados. Isso deve acontecer bastante, sobretudo em nível local”, afirma.
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Com presença física no Rio de Janeiro e em São Paulo, a Aos Fatos é composta por uma rede de freelancers que compartilha informações em prol da checagem. O modelo de negócios da plataforma é baseado no tripé: campanha de arrecadação, venda de conteúdo para veículos e consultoria. Outra agência que se especializou em checagem de notícias é a Lupa, da revista Piaui.
Além da checagem direta, o aumento de ferramentas especializadas em identificar fake news deve ser uma realidade. “Já é possível mapear de forma mais automatizada as fake news, a questão é com quais recursos? Para alguns casos, a inteligência artificial já permite aplicações eficientes”, diz Rodrigo Helcer, CEO da plataforma de monitoramento Stilingue. De acordo com Ana Moises, nova presidente do IAB Brasil, o tema está como um dos principais da pauta da entidade para 2018. “É um assunto que está no radar do IAB e de seus associados e é de extrema importância que o mercado discuta e encontre formas de combater a desinformação”, diz Ana.
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Na semana passada, o Facebook, plataforma que vem sendo cobrada para apresentar mecanismos de combate às fake news, anunciou um novo projeto para combater a desinformação no Brasil. Uma das primeiras iniciativas é o Vaza, Falsiane!, curso online contra notícias falsas voltado ao público em geral. A segunda iniciativa é o desenvolvimento de um bot no messenger que orientará as pessoas sobre como trafegar no universo de informações na internet, para que elas próprias possam checar informações. O nome do bot é Fátima – que remete a “FactMa”, abreviação de “FactMachine”.
Os dois projetos são resultado de uma mesa redonda que o Facebook promoveu no início de setembro em São Paulo. Na ocasião, acadêmicos, especialistas e representantes de agências de checagem de fatos e de associações de jornalismo se reuniram para discutir as raízes do problema da desinformação no Brasil, e os aspectos a serem considerados na busca de possíveis soluções.
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“Estamos confiantes de que esses dois projetos ajudarão as pessoas no Brasil a tomar decisões mais conscientes sobre o conteúdo que consomem na internet e fora dela”, afirma a líder de parcerias com veículos de mídia do Facebook para América Latina, Cláudia Gurfinkel. Ela lembra do esforço da empresa em ampliar o diálogo com academia, agências de checagem, ONGs, empresas de tecnologia e de mídia sobre o que pode ser feito para combater as notícias falsas.
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