Como os veículos e agências podem trabalhar a acessibilidade?
A Sondery e IAB Brasil lançaram um manual que abre o debate para questões sobre acessibilidade para PCDs nas campanhas e ações de marketing
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Renan Honorato
4 de dezembro de 2023 - 13h53
O Guia de Acessibilidade para Conteúdo do Digital, lançado nos últimos dias pela Interactive Advertising Bureau (IAB) Brasil, junto com a Sondery, é o primeiro passo para um trabalho de reeducação do mercado para questões de acessibilidade no internet.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estipula que sejam mais de um bilhão de pessoas no mundo que vivem com algum tipo de deficiência. Apesar disso, políticas e debates públicos ainda são escassos. Para Ana Clara Schneider, fundadora da Sondery, o guia fornece o primeiro contato com tema para as pessoas que não estão acostumadas com o debate.
O Guia também sugere oportunidades para criação que destacam temas de diversidade e acesso livre aos conteúdos. Porém, em vez de apenas deixar para pós-produção ou nos últimos instantes da estratégia de marketing, Ana sugere que os recursos de acessibilidade sejam integrados organicamente ao conteúdo. Nisso, podem-se destacar fatores na produção, como a quantidade e velocidade da fala e enquadramento.
A Sondery é uma consultoria de acessibilidade criativa para projetos publicitários e de comunicação, no geral. Em parceria com a David e o Burger King, a Sondery ajudou na pré-produção de uma campanha com audiodescrição inclusa no filme. Segundo ela, foi a primeira vez que uma campanha foi veiculada com descrição em áudio de forma unilateral na televisão.
Dessa forma, todas as pessoas viram a mesma peça sem precisar acionar a funcionalidade nos aparelhos. “Muitas pessoas da comunidade dos grupos de deficiência visual não sabiam da existência da coroa de cartolina”, comenta. Nesse sentido, a especialista indaga o quão eficiente são as campanhas das marcas ao longo do história se ainda excluem determinados públicos da agenda publicitária. “As pessoas agora vão se sentir contempladas pela coroa”, ressalta.
Além disso, em outra parceria com a David, a Sondery contribuiu para criação de um sinal único em Libras para Lacta. Conforme Ana explica, apenas pessoas com deficiência auditiva podem criar sinais para Língua Brasileira de Sinais, segundo idioma oficial no País.
Contudo, o debate de acessibilidade nos espaços virtuais vai além das pessoas com deficiência. Ana Clara, também presidente do Comitê de Diversidade e Inclusão da IAB Brasil, diz que o livre acesso à informação é um dos pressupostos da criação da internet. Para os próximos meses a IAB Brasil irá oferecer uma série de worshops e masterclass sobre temas relacionados ao Guia.
“Quanto mais pessoas entenderem que a acessibilidade só traz benefícios, que uma página com a semântica correta e descrição de imagens ajudam no próprio SEO e no Google, melhor será. Esses elementos ajudam pessoas que estejam com acesso precário à internet, por exemplo. As pessoas ainda tem essa resistência de achar que é muito difícil ou que o público deles não precisa disso, mas são boas práticas que devem ser colocadas na produção diária do conteúdo”, pondera.
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