Mídia
Folha promove uma semana sem desktop
Repetindo a experiência feita pelo New York Times, o jornal paulista quer incentivar seus profissionais a acessarem o conteúdo da marca via mobile
Repetindo a experiência feita pelo New York Times, o jornal paulista quer incentivar seus profissionais a acessarem o conteúdo da marca via mobile
Meio & Mensagem
16 de julho de 2015 - 8h12
Tendo o New York Times como referência o jornal Folha de S. Paulo está colocando em prática uma experiência em sua redação. Entre os dias 13 e 17 de julho, a empresa bloqueou o uso de seus profissionais ao site do jornal via desktop. Só estão permitidos acessos feitos via smartphones ou tablets. A iniciativa, segundo Sérgio Dávila, editor-executivo do veículo, tem como objetivo incentivar os jornalistas a terem a mesma experiência que metade dos leitores da Folha já tem, de acessar o conteúdo via smartphone e será, inicialmente, um teste. Ao acessar o site os funcionários são direcionados a uma tela para o acesso via mobile.
Há um mês, o New York Times anunciou que bloquearia seu site para uso na versão desktop. Clifford Levy, um dos editores do NYT, informou na ocasião que o objetivo era mostrar o quão importante era o mobile para o jornal. “Estamos bloqueando o acesso ao nosso site de forma tradicional. Mais da metade de nosso site está no mobile e é importante que tenhamos a noção do quanto isso é importante”, dizia a carta assinada pela direção do jornal. A experiência, considerada radical por alguns críticos, motivou até mesmo o bom humor da concorrência. Em resposta no Twitter, o subeditor do Washington Post, Carlos Lozada, ironizou a iniciativa dizendo que o acesso ao Post continuará disponível para eles. O tuite vinha acompanhado de um link para a página de assinaturas do Post.
A experiência da Folha acontece quinze dias após o jornal ter alardeado sua liderança em venda de assinaturas digitais após três anos de iniciar a cobrança pelo acesso digital. A Folha possui 145.552 edições digitais na média diária, de acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC). Em segundo lugar está O Globo com 117.737 edições digitais, seguido por Estadão com 81.686 edições. O jornal foi o primeiro do país a adotar cobrança por conteúdo digital, num caminho trilhado na sequência por outros veículos. Na ocasião, a Folha também se inspirou em veículos internacionais. Atualmente, 43,1% da circulação da Folha é digital.
De acordo com Antonio Manuel Teixeira Mendes, diretor-superintendente da empresa que edita a Folha, a decisão da cobrança foi acertada. "Os números denotam o acerto da decisão tomada há três anos", afirma Mendes. Segundo ele, existe no Brasil um espaço para o mercado digital pago no jornalismo da mesma forma que ocorre com diversos outros tipos de conteúdo. O universo de assinaturas digitais no Brasil representa hoje 697.601 edições diárias, segundo o IVC.
O digital estabiliza os jornais
A queda na circulação das edições impressas em 2014 foi considerável, mas foi o digital que ajudou a equilibrar essa conta. O balanço da circulação de jornais e revistas divulgados em março deste ano mostra que o digital vem ganhando maior representatividade para o setor. No meio jornal, as vendas de assinaturas digitais foram responsáveis por deixar a média de circulação anual dos veículos brasileiros praticamente estáveis no ano passado, na comparação com 2013.
De acordo com os dados do Instituto – que considera o período entre janeiro e novembro de 2014 – os jornais brasileiros tiveram uma circulação média de 4.392.567 de exemplares. O número é praticamente o mesmo (com variação negativa de 0,02%) na comparação com o mesmo período de 2013, quando a média de circulação foi de 4.393.434. Nesse total, estão contempladas tanto as edições impressas quanto às digitais. Atualmente, as edições digitais já respondem pela fatia de 11,4% do total de exemplares em circulação no Brasil. Em dezembro do ano passado, essa fatia chegou a 15,1%.
Ainda em relação aos jornais, o IVC apontou um crescimento de 7,5% no total de assinaturas em 2014. Quando se analisa isoladamente a quantidade de assinaturas digitais, o aumento é ainda maior (118% mais na comparação com 2013). Em contrapartida, o número de vendas de exemplares em bancas caiu 7,6%.
“Os números consolidaram um movimento que já vínhamos observando há muito tempo. Os jornais que possuem modelo de assinatura digital já começam a se beneficiar dessa área, enquanto aqueles mais dependentes de venda avulsa enfrentam mais dificuldades”, explicou Pedro Silva, presidente executivo do IVC.
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