Jornais repercutem ataque à Charlie Hebdo
Editoriais em conjunto e capas sobre o ataque à redação da revista marcaram a manhã desta quinta-feira, 8
Editoriais em conjunto e capas sobre o ataque à redação da revista marcaram a manhã desta quinta-feira, 8
Meio & Mensagem
8 de janeiro de 2015 - 10h58
Atualizado às 14h10
Momentos de silêncio em redações, editoriais em conjunto e capas sobre Charlie Hebdo. Essas foram algumas das manifestações que a imprensa mundial e profissionais da área fizeram para homenagear as vítimas e valorizar o legado da revista, alvo do ataque a tiros que matou 12 pessoas, na manhã de quarta-feira, 7.
A irreverência das charges da publicação Charlie Hebdo foi mantida por diversos chargistas da Folha de S.Paulo. Da mesma forma, jornais de diversos locais do mundo utilizaram seu espaço de destaque para noticiar o ataque (veja na galeria abaixo) e se posicionar a favor da liberdade de expressão, princípio mantido pela Charlie Hebdo, criada com o objetivo de não ceder à censura e que se consolidou como libertária na mídia francesa.
Outros jornais do mundo, como Le Monde, The Guardian, Süddeutsche Zeitung, La Stampa, Gazeta Wyborcza e El País também dedicaram suas páginas para homenagear a revista Charlie Hebdo e publicaram um editorial em conjunto. Leia a íntegra a seguir.
"O atentado cometido em Paris na quarta-feira 7 de janeiro contra oCharlie Hebdo e o odioso assassinato de nossos colegas, ferrenhos defensores do pensamento livre, não é apenas um ataque à liberdade de imprensa e à liberdade de opinião. É além disso um ataque aos valores fundamentais de nossas sociedades democráticas europeias.
Já nos últimos meses, a liberdade de pensar e informar estava sob a mira, com a decapitação de outros jornalistas, norte-americanos, europeus e de países árabes, sequestrados e assassinados pelas mãos da organização Estado Islâmico. O terrorismo, seja qual for sua ideologia, rechaça a busca da verdade e não aceita a independência de espírito. O terrorismo islâmico, ainda mais.
Depois de negar-se a ceder às ameaças por ter publicado, há quase 10 anos, caricaturas de Maomé, o jornal Charlie Hebdo não mudou em nada sua cultura da irreverência. Com o mesmo ânimo, nós, os jornais europeus que trabalhamos juntos habitualmente dentro do grupo Europa, continuaremos dando vida aos valores de liberdade e independência que são o fundamento de nossa identidade e que todos compartilhamos. Continuaremos informando, investigando, entrevistando, editando, publicando e desenhando sobre todos os temas que nos pareçam legítimos, em um espírito de abertura, enriquecimento intelectual e debate democrático.
Devemos isso a nossos leitores. Devemos isso à memória de todos os nossos colegas assassinados. Devemos isso à Europa. Devemos isso à democracia. “Nós não somos como eles”, dizia o escritor tcheco Vaclav Havel, opositor do totalitarismo que triunfou e se tornou presidente. Essa é nossa força".
Entidades brasileiras também se manifestaram sobre o ataque. A Agência Nacional de Editores e Revistas (ANER) enviou comunicado à imprensa dizendo que “além das perdas humanas, este atentado inaceitável atinge também a liberdade de expressão e de imprensa, pilares fundamentais para sociedades democráticas ao redor do mundo”. A Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) também se posicionou afirmando que repudiam “todo e qualquer ato de violência à liberdade de expressão.
Uma ação global, organizada pela ONG Index on Censorship, reuniu jornais e entidades para que sejam publicadas charges e as capas do Charlie Hedbo. Entidades como Repórteres sem Fronteiras, Comic Book Legal Defense Fund, freeDimensional, Pen America, FreeWorld, Folha de S.Paulo e English Pen aderiram ao ato simbólico.
Embora a equipe do jornal tenha sido assassinada, em entrevista à AFP, um dos funcionários afirmou que a edição da próxima semana da publicação será mantida.
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