Denúncias de racismo na web triplicam em 8 anos
Em 2014, a SaferNet recebeu 86 mil reclamações de casos ofensivos registrados por usuários da internet
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Luiz Gustavo Pacete
3 de julho de 2015 - 5h49
As manifestações de racismo contra a jornalista Maria Julia Coutinho nas redes sociais, que começaram na noite desta quinta-feira 2 e motivaram a equipe do Jornal Nacional a sair em defesa da apresentadora, por meio de um vídeo, devem aumentar o índice de processos que chegam anualmente até a organização de defesa dos direitos humanos na internet SaferNet. Desde 2006, quando começou a registrar os crimes de racismo na web, a organização contabilizou uma alta de 236% nas ocorrências. Houve um salto de 25.6 mil denúncias para 86.570, em 2014. Na média desses oito anos, o crescimento ficou na casa de 10% ao ano. O racismo ultrapassou a pornografia infantil como principal causa de denúncias.
De acordo com Juliana Cunha, coordenadora psicossocial da SaferNet, os motivos que levaram ao aumento das denúncias são: posicionamento mais crítico dos próprios usuários da rede quanto ao que é, ou não, um crime; a proliferação de grupos que incitam ódios contra minorias em plataformas digitais e o potencial de os casos viralizarem. “O caso da Maju é uma típica situação em que vamos receber denúncias já que é de grande repercussão e ganhou muita visibilidade”, diz Juliana.
O crime de racismo virtual pode ser denunciado por meio de provas como material escrito, imagens ou qualquer outro elemento que mostre representação de ideias ou teorias que promovam ou incitem o ódio, a discriminação ou a violência. “No caso de isso acontecer nas redes sociais, por exemplo, a responsabilidade direta é do usuário e não da plataforma especificamente”, explica Juliana. A identificação do criminoso pode ser feita de várias formas. Em nove anos, a SaferNet Brasil recebeu e processou 469.942 denúncias envolvendo 68.940 páginas, das quais 14.785 foram removidas.
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