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Opinião

Primeiros passos

A reconfiguração de um ambiente propício para negócios não trará como bênção o resgate de todos os setores que estão sofrendo com a crise


18 de maio de 2016 - 9h06

Muito mais do que do início do governo ainda provisório de Michel Temer, veio da confirmação de Henrique Meirelles como ministro da Fazenda o sopro de esperança do início de um novo ciclo para a cambaleante economia nacional.

Logo nas primeiras entrevistas concedidas, ele deixou claro seu projeto para, por meio de políticas monetárias ortodoxas e controle austero das finanças, restaurar a confiança de investidores e companhias privadas na reversão do rumo das contas do País a curto prazo — e na retomada da geração de riqueza tão logo a melhora dos fundamentos macroeconômicos propiciem a nossos mercados internos força para reverter o processo de contração vigente.

Não será fácil, evidentemente, pela complexidade de temas que precisarão ser trabalhados simultaneamente — como o controle de gastos públicos, a queda nas receitas previstas e a necessidade de negociar com o Congresso medidas tão básicas quanto espinhosas em pontos altamente impopulares, como a Reforma Previdenciária, que exigirão esforços e sacrifícios grandes demais para uma resolução imediata. Mas a injeção de esperança pelo simples fato de agora haver alguém governando a economia nacional guiado por um projeto de longo prazo deve pavimentar o início do trajeto que leva ao caminho do crescimento.

Enquanto no aspecto técnico tais ações requerem tempo para terem seus efeitos notados, no campo psicológico e comportamental o impacto acontece mais rapidamente. A perspectiva de melhorias interrompeu a escalada do dólar, com impacto positivo no controle dos preços. Inflação em queda abre espaço para reduções gradativas e significativas nas taxas de juros — o que é desejável também para o controle da dívida pública.

Mantida essa dinâmica, grandes empresas começarão a sair do compasso de espera, vislumbrando oportunidades e planejando investimentos. Novos players cogitarão entrar no País, que, mesmo com a recente valorização do real, segue atrativo para quem compra com dólares ou euros. Em um momento seguinte, volta-se a gerar empregos, condição sine qua non para garantir que a roda da economia mantenha seu giro no sentido correto e com consistência.

O novo ministro da Fazenda já afirmou, anteriormente, que o Produto Interno Bruto nacional pode voltar a crescer na casa de 4%, caso reformas estruturais necessárias sejam realizadas. Tal projeção é música para os ouvidos de empresários e cidadãos diante da retração de 4% esperada para este ano e da queda de 1,44% registrada no primeiro trimestre pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), tido como uma espécie de prévia do PIB e divulgado pelo Banco Central na sexta-feira 13.

Caso Meirelles consiga transformar sua estratégia em prática, o afastamento temporário de Dilma Rousseff tem tudo para se tornar definitivo. Mais do que isso: se comprovada a eficiência de suas diretrizes, a manutenção dessas será mandatória para qualquer candidato com ambição de vitória no pleito de 2018. Como bem retratado na história do País, é a condução da economia que determina o sucesso ou o fracasso dos governos — enquanto o crescimento releva desatinos, uma recessão destrói mitos.

A reconfiguração de um ambiente propício para negócios, porém, não trará como bênção o resgate de todos os setores que estão sofrendo com a crise. Para conhecer e entender outras forças que testarão e determinarão a solidez e os diferenciais de nosso mercado nos próximos anos, recomendo a leitura da cobertura da décima edição do evento ProXXIma, publicada a partir da página 16, e do artigo do diretor executivo da M&M Consulting, Pyr Marcondes, nas páginas 36 e 37.

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