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Opinião

Vamos falar de negócios?

Não é de hoje que players de diferentes origens têm avançado sobre o território das agências de publicidade oferecendo-se como uma alternativa mais eficiente e precisa em relação a retorno sobre investimento


10 de maio de 2016 - 9h23

A semana que entra em cena será decisiva para os desdobramentos da crise política que assola o País há mais de um ano. É consenso que, caso o Senado consume o afastamento temporário da presidente Dilma Rousseff, dificilmente ela reunirá forças e condições para voltar ao cargo após 180 dias longe da principal sala do Palácio do Planalto.

Já a ascensão do vice-presidente Michel Temer ao posto de líder da Nação segue longe de ser unanimidade. Acrescente- se a isso a sombra do agora suspenso Eduardo Cunha em sua batalha pessoal para não perder os privilégios jurídicos oferecidos a congressistas e pode-se prever que o cenário de instabilidade até deve arrefecer, mas não há garantia nenhuma de que um céu de brigadeiro se abrirá a partir de Brasília, avançando por todo o Brasil a clarear os rumos que nos recolocarão no caminho
do desenvolvimento. Independentemente dos próximos capítulos, porém, este é um momento emblemático para mudarmos a conversa monotemática que domina o dia a das empresas e teve início antes mesmo deste misto de dramalhão, terror e comédia propiciado por nossos representantes na capital federal — e precede também a escalada da tensão das ruas, exposta desde as manifestações de junho de 2013. Grandes companhias e conceituados economistas apontam que a roda da economia começou a emperrar lá atrás, ainda nos primórdios do primeiro governo Dilma. Esta tempestade perfeita que hoje enfrentamos é tão somente resultado da letargia em lidar com a deterioração gradativa de nossos indicadores macroeconômicos, agravada posteriormente pela brusca queda de confiança de investidores e consumidores impulsionada pela absoluta ausência de perspectiva de melhoras no futuro próximo.

Chega, então, de puxar assunto a partir da crise. Também não comece com a tradicional “e aí, como está o mercado?” — pois sabemos bem o tipo de resposta que perguntas como essa geram em tempos sisudos. Seja o gatilho da mudança. Estimule o otimismo. Provoque o que há de melhor no seu cliente ou potencial parceiro: que tal mandar logo de cara um “vamos falar de negócios?” Essa guinada no tom da conversa é imperativa para as agências de publicidade mesmo que não houvesse crise financeira nenhuma. Faz algum tempo que players de diferentes origens têm avançado sobre o território da propaganda oferecendo-se como uma alternativa mais eficiente e precisa em relação a retorno sobre investimento. Muitas vezes o approaché justamente esse: enquanto as agências falam de comunicação,
eles, pretensamente, falam de negócios.

“Existe um movimento de players como startups e empresas de consultoria de desconstrução da relevância das agências de publicidade”, afirmou Marcelo Reis, copresidente da Leo Burnett Tailor Made, em entrevista concedida à repórter Bárbara Sacchitiello e publicada nas páginas 6 e 7. “Temos de voltar a valorizar a importância das agências como influenciadoras e parceiras do business dos anunciantes (…) Não podemos nos esquecer de que somos criadores de estratégias capazes de fazer o negócio do cliente crescer, seja na comunicação, no desenvolvimento do produto, na estratégia de marca ou até na reengenharia da proposta da empresa. Se não tivermos a consciência disso, voltaremos a ser agências compradoras de espaços de mídia.”

Arrisco a dizer que o raiar de dias melhores, ao menos para o nosso mercado, está mais atrelado a essa mudança de mindset do que à troca de governos.

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