Microsoft, IBM, Google, Facebook e Amazon juntas pela Inteligência Artificial

Pyr Marcondes
4 de outubro de 2016 - 7h34

Por Pyr Marcondes

E porque, afinal, alguns dos maiores players de tecnologia do mundo, concorrentes febris de mercado entre si, se juntariam para trocar insights e experiências sobre Inteligência Artificial, um setor que vai explodir (já está explodindo) e no qual quem tiver a melhor tecnologia, pode ficar com um pedaço mais saboroso do bolo?

Por que Inteligência Artificial é um bicho diferente das demais tecnologias até hoje existentes. Ela se enfia em um âmbito da vida humana que desconhecemos e na verdade tememos – que é a substituição do homem por máquinas que “pensam” – e o grau de insegurança é tremendo. Além disso, nenhum desses players têm a mais absoluta certeza ainda de que sua tecnologia é de fato a melhor diante das demais. Colaborar pode fazer sentido. Por fim, há a criação de uma espécie de ambiente comum de reflexões para quem quiser jogar o jogo. Criar parâmetros e indicadores comuns, que podem envolver negócios, mas podem entrar também na área da ética, por exemplo. Dar uma organizada em algo que ainda é puramente caos, o da descoberta de um ambiente reconhecidamente perigoso.

A base conceitual da iniciativa, em verdade, está no medo do medo. Ou seja, no medo que essas empresas têm de que a sociedade tenha medo de onde essas tecnologias vão nos levar, já que estamos falando, por exemplo, de máquinas roubando empregos de um monte de gente. Isso para não falar do medo mitológico de que as máquinas dominem a Terra um dia (quando se começa a ler um pouco mais sobre o assunto, fica no mínimo preocupante a constatação de que essa possibilidade não é hoje nada impossível de rolar).

Cada uma dessas companhias tem hoje em suas unidades e laboratórios de AI milhares e milhares de colaboradores trabalhando. Para todas elas, esse é um investimento pesado, estratégico e deverá se transformar também em um mercado promissor em termos de negócios nos próximos, digamos, 10 ou 20 anos. Talvez mais, ainda é difícil dizer.

Se você quiser saber o que essas empresas acreditam que têm a oferecer em conjunto, entre no www.pertnershiponai.org. Como a própria url já revela, trata-se de uma organização não governamental. Não é uma entidade, nem uma joint venture operacional. Trata-se de unir esforços, diz o site, em prol das pessoas e da sociedade.

A organização está aberta a participação não só das grandes empresas, mas também de outras organizações que defendam a privacidade, a transparência e a compatibilidade dos avanços de AI com a coexistência entre homens e máquinas.

Estamos vivendo agora aquilo que chamamos de futuro por décadas. Chegou. Está entre nós. E é, no mínimo, inquietante.