ProXXIma e Dado Lancellotti
24 de abril de 2020 - 8h07
Por Dado Lancellotti (*)
Como profissional de comunicação e marketing me acostumei a balizar decisões e desenhar estratégias com pesquisas. Qualitativas onde encontramos visões mais aprofundadas do “target” e quantitativas, com volume e amostragens de forma direta. Mas agora, em meio à uma nova experiência no mercado financeiro, me deparei com uma nova forma de medir a emoção dos investidores. Não é pesquisa, não tem perguntas, sem focus group ou salas de espelho muito menos institutos por trás.
Há um índice que mede in real time a volatilidade do mercado reproduzido no Standard & Poor’s 500 Index ou S&P 500, um índice financeiro que lista as maiores ações (por valor) cotadas nas bolsas americanas. Nele, estão incluídas 500 empresas líderes e reflete aproximadamente 80% do mercado de ações dos Estados Unidos. Achei incrível pois ele é considerado um termômetro da movimentação e da segurança dos investidores. Maiores valores simbolizam grandes variações nos índices e “indecisão” em relação à tendência! Muito chamam o VIX – Volatility Index de o “Índice do Medo”. Levei um tempo estudando e acompanhando seu andamento nas últimas semanas, quando nossos gestores na Santa Fé Investimentos nos chamaram atenção para o desempenho positivo do VIX após os piores dias da crise em Março.
Muito interessante: quando o VIX se aproxima de 10, reflete um sentimento de confiança do investidor na economia; quando atinge 70 ou 80 como agora em março, reflete pessimismo, pânico ou medo por parte desses mesmos investidores; quando o VIX cai, a insegurança dos investidores dissipa e o S&P tende a subir; por outro lado, geralmente nos fundos do S&P, você encontra o VIX em níveis bastante elevados. Além disso é tão genial pois permite um balizamento histórico tomando como parâmetro outras crises como a de 2008 por exemplo.
Voltando para a comunicação e a publicidade, fiquei imaginando se houvesse uma ferramenta assim, que medisse em real time o desejo de compra dos consumidores ou o índice de segurança deles com relação à uma marca. Como seria o reflexo deste índice nos preços, nas vendas… como seria um Índice da Emoção, que direciona e funciona como um farol para os compradores em real time? Uma referência que mostraria a oportunidade para as marcas e negócios naquele momento e que poderia balizar a nossa tomada de decisão com mais agilidade desde o básico como o lançamento de um produto, o entendimento de uma demanda, a avaliação de um conceito de comunicação, até conceitos mais modernos que o digital e o marketing de performance e a mídia programática colocaram na mesa, como o impacto nos resultados de vendas de um produto antes de ser lançado ou uma melhor programação de SEO e a fórmula correta para melhorar impression share ou cobertura. Esse índice surgiu antes do machine learning e da inteligência artificial então imagine o que poderíamos fazer com uma ferramenta assim na comunicação e para melhor direcionar nossos esforços de planejamento. Como seria?
A Bolsa é um grande mercado onde os produtos são as empresas, mas o que rege sua movimentação é mesmo a emoção dos investidores. E na comunicação? Como medir a comunicação real time com um índice da emoção e que ofereça a possibilidade de você comprar e vender baseado nesse direcionamento?
Viva a liberdade de escolha, de compra e venda e ser ou não feliz!
(*) Dado Lancellotti é Advisor Santa Fé Investmentos e Digital Strategy Consultant.