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Artigo: Mundo digital. Que tal aposentar as lentes analógicas?

Luciana Schwartz, diretora de marketing e inteligência de mercado do iG, questiona até quando seguiremos vendo a realidade do digital por meio de lentes analógicas


22 de abril de 2013 - 11h34

Por Luciana Schwartz
Diretora de marketing e inteligência de mercado do iG

Hoje, com as inúmeras formas possíveis de contato com o consumidor, existe cada vez mais a necessidade de discernir o que é o quê, ou seja, quais as características, potencialidades, vantagens e desvantagens de cada canal de comunicação.

No caso do digital, que cresce de forma avassaladora no Brasil, a necessidade de um novo olhar é ainda mais premente. Não basta repetir velhas fórmulas ou padrões de outras mídias. Existem, atualmente, em nosso país, mais de 90 milhões de internautas, mais de 260 milhões de celulares, aplicativos sendo criados e baixados a todo instante, games que não param de ser lançados. Todos sabem disso. Mas quantos pararam, refletiram e fizeram diagnósticos sobre as características mais relevantes do digital? Até quando seguiremos vendo a realidade do digital por meio de lentes analógicas?

Buscadores, redes sociais, portais 100% digitais e portais com conteúdo gerado por fontes off-line. Parceiros como fonte de entretenimento e audiência própria. Softwares que definem e perseguem o público-alvo com a menor dispersão possível. Ferramentas em tempo real que revelam, em um clique, a quantidade de visitantes de um portal, num determinado momento. Softwares que já permitem ao cliente só pagar a mídia após a mensagem ter sido vista por um tempo considerado ideal para assimilação da mensagem – em torno de 20 segundos, segundo estudos. E ainda, softwares capazes de fazer uma intervenção exatamente no momento que o internauta está navegando.

No mundo digital, todos os dias surgem novidades que aproximam os campos editoriais e tecnológicos, abrindo extraordinárias possibilidades para a otimização da publicidade, de um modo que não ocorre em nenhuma outra mídia.

É hora de parar, refletir e planejar. Planejar de forma eficiente! Estamos fazendo isto?

O Brasil é a bola da vez. E o que temos de diferente? Exibimos talentos em todas as áreas, fazemos a diferença, agradamos e sabemos agradar. Produtos e serviços tipicamente brasileiros como canais de comunicação são exemplo e referência no mundo. A internet no Brasil também tem players brasileiros. Este ponto deve fazer uma das diferenças nas análises dos meios digitais!

Cada canal de comunicação tem e sempre teve sua característica básica, sua personalidade e o seu foco de atuação. O quebra-cabeça deve ser montado a partir dos objetivos estratégicos de cada momento. No caso do digital, deve ser montado com base em referências digitais, que são bem diferentes das referências de outros canais de comunicação.

E o conteúdo? Seja na pessoa física, ou na pessoa jurídica, o quanto ele faz diferença, não é mesmo? E o que dizer dos diversos ambientes de atuação, cujas características próprias devem ser levadas em conta na hora do planejamento.

É preciso tratar de forma diferente aquilo que é diferente. Ambientes diferentes exigem tratamentos diferentes. Buscadores, o próprio nome diz, é um ambiente. Redes sociais, outro ambiente. Conteúdos próprios que nasceram no digital é um terceiro ambiente. Conteúdos já consolidados no mundo off-line e levados para o digital formam um quarto ambiente. Ou seja, são quatro ambientes distintos, todos complementares, todos fontes de informação e entretenimento, porém bastante distintos nas suas características e propósitos.

Alguns dirão que, no Brasil, estamos sempre levantando “bandeiras”. Mas como não levantar, ao analisar o caso de um canal de comunicação como os portais de conteúdo, que têm entre 30 milhões e 48 milhões de visitantes únicos por mês, ultrapassando as audiências dos mais diversos meios de comunicação e se aproximando mais e mais dos números do canal de maior penetração, a rainha do mundo, a televisão. E com duas grandes vantagens. Na internet, tudo acontece em tempo real. E aquilo que sempre foi tratado como “oportunidade de ver” dá um salto e converte-se em “garantia de ver”!

Não acreditam? É só entrar agora no portal de conteúdo próprio, brasileiro, que tem a maior afinidade com os internautas que mais navegam na internet – os “heavy users” – e saber quantos visitantes o canal tem neste momento. Os números são impressionantes!

Isso só poderia estar acontecendo na internet, nas plataformas digitais, que crescem a uma velocidade que se acelera ano a ano, uma velocidade única na histórica. Basta dizer que a internet conseguiu reunir em 5 anos no Brasil a audiência que outros canais levaram 38 anos para atingir. E isso é só começo.

Precisamos ou não refletir sobre o tempo? Vale ou não vale aposentar visões anteriores na hora de olhar para o mundo digital?

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