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Como atrelar tecnologia ao impacto social?
Inovação para a resolução de problemas e com capacidade de transformação deve ser pautada em um processo de desenvolvimento colaborativo e entregas baseadas em experimentação
Inovação para a resolução de problemas e com capacidade de transformação deve ser pautada em um processo de desenvolvimento colaborativo e entregas baseadas em experimentação
Giovana Oréfice
20 de agosto de 2021 - 6h00
O dicionário de Oxford classifica “tecnologia” como uma teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana. A sociedade encara atualmente a chamada 4° Revolução Industrial, também conhecida como Revolução 4.0, em que a ascensão de ferramentas como inteligência artificial, IOT e demais soluções de robótica e TI, por exemplo, facilitam e melhoram processos por meio da automação. Contudo, o mundo vem assistindo ao crescimento desenfreado de tecnologias que, facilitadoras e voltadas para a produtividade crescente, também tem o poder de impactar indivíduos e comunidades. Ainda, com a discussão cada vez mais intensa de responsabilidade socioambiental por parte de organizações, como atrelar a tecnologia ao impacto social?
Lia Carrari, gerente técnica do programa de acessibilidade do Google, atua na empresa há sete anos e explica que, para que uma tecnologia seja impactante, ela deve ser acessível. “Eu realmente acredito que a tecnologia tem o poder de mudar a vida das pessoas, essa é uma uma das razões pelas quais eu trabalho com isso e acho que a acessibilidade tem uma uma relação muito direta”, comenta. Atualmente, o Google conta com diversas iniciativas neste quisto. Entre comitês consultivos e criação de diretrizes específicas para que suas ferramentas sejam inclusivas, a organização acredita que usabilidade e acessibilidade caminham de mãos dadas.
De acordo com informações presentes na área do tema no site, cada ciclo de desenvolvimento dos produtos é integrado por ideias de design acessíveis. Ao explicar esse processo, Carrari aponta que o primeiro passo é criar diretrizes que estejam de acordo com as necessidades dos usuários da plataforma. “Quando estamos pensando nas pessoas que vão usar nossos produtos, também damos diretrizes para que os times pensem em personas com deficiência”, comenta. “Nós temos em site externo alguns perfis de pessoas que têm deficiência e como que elas se beneficiam de tecnologia no dia a dia delas”, acrescenta a gerente. Segundo ela, as equipes procuram incluir a diversidade nos processos o mais cedo possível para que os primeiros insights já sejam bem direcionados.
Esta foi outra questão apontada por Lia, sobre a importância da diversidade e inclusão nos processos de criação e desenvolvimento. A executiva comenta que essa estratégia contribui para que o Google saiba, de fato, qual o potencial do produto em atingir a vida das pessoas. “No Google temos uma cultura que abraça muito a diversidade não só porque é a coisa certa a fazer, mas porque acreditamos que isso contribui para criar produtos melhores. Então, quanto mais perspectivas você tem, melhor você vai conseguir representar a base de usuários que é muito diversificada. A gente tem presença no mundo inteiro, todos os tipos de pessoas usam os produtos do Google”, endossa. Além disso, a companhia promove desafios de impacto social em diversas temáticas, incluindo deficiências, fazendo com que indivíduos de fora compartilhem problemas reais e, assim, soluções podem ser patrocinadas pelo Google.
As pesquisas quantitativas e qualitativas, levantadas em grande parte por uma equipe robusta de UX researchers do Google, também contribuem para que tais visões e necessidades do público sejam assertivas. Assim, as inovações têm mais potencial de se apresentarem como uma solução destinada ao maior número possível de usuários e a experiência do consumidor seja garantida da melhor forma.
Uma etapa valorizada pela empresa para atrelar a tecnologia ao impacto social é a fase de experimentação e prototipagem. A gerente técnica do programa de acessibilidade do Google afirma que esta fase é importante não só para entregar um produto que funcione, mas também é eficaz para que falhas e gargalos sejam identificadas o quanto antes a fim da reparação ser menos custosa. A revisão dos produtos é feita por diversos métodos, indo desde ferramentas de automação com testes automatizados até os testes manuais para validar a usabilidade direta dos usuários. Nesse sentido, a companhia criou um programa chamado Trusted Testers, em que qualquer pessoa com deficiência pode se inscrever e escolher quais produtos quer testar. “É muito difícil representar todas as pessoas que são consumidoras dos nossos produtos. Muitas vezes, a gente, com o melhor do nosso conhecimento, toma a decisão que achamos ser a melhor e mesmo assim ela pode estar super desconectada e não ser exatamente as pessoas mais precisam”, reforça.
“Um dos desafios que a gente tem é realmente atingir um um resultado em que a gente esteja satisfeito. […] Temos usado em muitos nossos produtos novas tecnologias de aprendizado de máquina e inteligência artificial, mas muitas vezes os produtos estão especialmente focados em acessibilidade e precisamos de algo muito bom, porque se não podemos ter um risco”, esclarece Lia. Como exemplo do desafio, ela cita o Lookout, um aplicativo que utiliza inteligência artificial e visão computacional para tornar o mundo físico mais acessível para pessoas cegas ou com baixa visão.
Para o Google, suas soluções também são acessíveis do ponto de vista de desenvolvimento inclusivo. Lia explica que a companhia tem como um de seus objetivos a criação de ferramentas, canais e materiais que podem ser acessados por todos através de automatização por open source, sendo tudo livre para compartilhamento. Lia Carrari compartilha a visão de que o Google divulga esses elementos o mais rápido possível para que todos avancem não só na área de acessibilidade, mas em muitas outras.
*Crédito da imagem do topo: Gremlin/Getty Images
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