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Diversidade impulsiona mercado de inovação
Para Carolina Augusta, CEO da Boomit, homens e mulheres têm percepções e jornadas de comportamento diferentes, mas que juntas podem contribuir com o crescimento de startups
Para Carolina Augusta, CEO da Boomit, homens e mulheres têm percepções e jornadas de comportamento diferentes, mas que juntas podem contribuir com o crescimento de startups
Victória Navarro
13 de julho de 2021 - 6h00
Trazer à tona mais mulheres para cargos de liderança coloca sob perspectiva o cliente final no centro do processo e não há nada mais importante, para qualquer empresa, do que isso, afirma Carolina Augusta, CEO da Boomit, startup focada em mentorias online customizadas e adaptáveis às transformações e objetivos de crescimento dos negócios. “Não gosto muito de trabalhar nas diferenças entre homens e mulheres. Ambos, sem generalizar, têm percepções e jornadas de comportamento diferentes, mas que juntas podem somar”, explica. De acordo com a profissional, cerca de 90% dos empreendedores que procuram os serviços da Boomit para marketing digital reclamam de agências, pois não têm o resultado esperado ou prometido. Isso ocorre, porque a grande maioria vendem pacotes padrões. “Como consequência, não há um plano de marketing e vendas que irá desdobrar os objetivos e transformar em ações objetivas, de acordo com perfil de cliente ideal e o cenário que a empresa enfrenta”, adiciona. Ao Meio & Mensagem, Carolina ainda aborda como 2020 cobrou das companhias transformação digital e, mais especificamente, inovação, e de qual forma a possibilidade de automatizar processos, na relação marcas e consumidores, tem contribuído para o nascimento de novos empreendimentos.
Meio & Mensagem – A Boomit é uma das poucas startups lideradas por mulheres. Na sua opinião, como o protagonismo da mulher em empresas com modelos de negócios escaláveis pode contribuir para o mercado de inovação e capital venture?
Carolina Augusta – A convivência entre homens e mulheres, nos espaços sociais e de trabalho, é, extremamente, benéfica. Por experiência própria, quanto mais mistura houver, mais vamos ganhar juntos. Ainda vejo uma maioria esmagadora de empresas lideradas apenas por homens. Os consumidores querem algo que os represente e somente com a diversidade integral que as empresas vão conseguir se adaptar, rapidamente, às mudanças que o mercado exige. O olhar de diversidade coloca sob perspectiva o cliente final no centro do processo e não há nada mais importante, para uma startup e qualquer empresa, do que isso. Nesse sentido, naturalmente, o cenário de empresas lideradas por mulheres só tende a crescer. Não gosto muito de trabalhar nas diferenças entre homens e mulheres. Ambos, sem generalizar, têm percepções e jornadas de comportamento diferentes, mas que juntas podem somar. Neste ano, uma de minhas metas pessoais é aumentar em 30% o número de empresas que possuem em sua alta liderança mulheres. Isso porque, ao longo de 2020, percebemos que 60% das empresas que tinham esse mix conseguiram superar a crise de forma muito mais rápida do que empresas apenas lideradas por homens.
M&M – O empreendedorismo está muito ligado ao marketing digital. Ainda vê barreiras na implementação de estratégias mais robustas que atrelam o marketing à tecnologia?
Carolina – Cerca de 75% das empresas que procuram os programas de mentoria da Boomit tem como um de seus principais desafios o marketing digital. Por meio dos consecutivos diagnósticos que fazemos nas companhias, vemos que marketing digital ainda é caixa preta para a grande maioria dos empresários e suas equipes. Observamos que 90% dos empreendedores que procuram as mentorias da Boomit para marketing digital reclamam muito das agências, pois não têm o resultado esperado ou prometido. Isso ocorre, porque a grande maioria das agências vendem pacotes padrões, nada customizados. Uma oferta para empresas e público-alvo diferentes. Um dos grandes problemas é que a própria empresa não sabe o que esperar do marketing, em termos de leads gerados, e nem de conversão final de vendas, ou seja, falta um plano de crescimento e metas claras. Como consequência, não há um plano de marketing e vendas que irá desdobrar os objetivos e transformar em ações objetivas, de acordo com perfil de cliente ideal e o cenário que a empresa enfrenta. O marketing digital é muito rápido, os algoritmos mudam o tempo todo, a análise e a performance precisam ser constantes e não é toda empresa que tem colaboradores ou sócios que dominam esses processos. E, por fim, o marketing digital não é só fazer campanha em um único canal, devemos estar presentes onde nosso perfil de cliente ideal está. Isso pode ser em várias plataformas de mídias digitais, ou seja, é preciso produzir conteúdo de qualidade. Além disso, ferramentas de gestão internas são fundamentais para a análise dos números, que vão ajudar o empresário a escolher o que manter e o que mudar, sempre observando o ROI de toda atividade.
M&M – O processo de mentoria segue as transformações e objetivos de crescimento das empresas. O que e como 2020 cobrou das companhias transformação digital e, mais especificamente, inovação?
Carolina – Nossa empresa já é 100% digital, mas entendemos que precisamos nos adaptar aos novos empreendedores, ainda mais inseguros com o amanhã. Em nosso método de mentorias, temos um processo que identifica e diagnostica todos os desafios da sua empresa que impedem a realização dos objetivos de curto, médio e longo prazo dos empreendedores. Após essa etapa, as empresas recebem um plano flexível de mentorias de cada área de negócios. Com a pandemia, entendemos rapidamente que aquele plano feito há algum tempo poderia não fazer sentido mais para as empresas e foi, nesse momento, que lançamos o nosso plano de contingência individualizado para cada empresa. Foi uma força tarefa enorme com os mentores, mas nós entendemos que essa era a melhor forma de agregar valor para o empresário que estava conosco. Nesse sentido, observamos que 80% das empresas precisavam deixar seu processo digital mais robusto ou algumas precisavam se digitalizar, incluindo estratégias de marketing digital. Um outro fator no plano e que trouxe grande poder de barganha, redução de churn e criação ou adaptação de produtos foi colocar ainda mais o cliente no centro do processo. Muitos empreendedores estavam com medo de se comunicar com os seus clientes. Mas, no plano desenvolvido por nós, criamos um método para que o empreendedor conseguisse se adaptar, rapidamente, ao cenário e revertesse o jogo. Sem dúvida, a Covid-19 nos mostrou o quanto é fundamental as empresas colocarem os clientes no centro do processo e as empresas que tiverem a cultura mais próxima disso terão facilidade em inovar, pois torna-se um processo natural. Eu sou muito contra a inovação sem propósito, sem saber o porquê determinada ação está sendo feita. Se inovação não tem um objetivo claro e bem definido é egotrip. Boa inovação é aquela que ajuda a empresa a bater meta e a crescer ou sobreviver em qualquer cenário.
M&M – Como está a mentalidade do mercado em relação ao branding orientado à performance?
Carolina – Acho que o branding orientado à performance nada mais é do que a união de branding, que é atrair e fazer o cliente certo se identificar com sua marca, combinado à prática de KPI, que no final desse funil gera maior conversão. Mais do que o branding orientado à performance, se trata de como as empresas colocam clientes no centro do processo com customer success, pois assim eu atraio, com marketing estratégico e branding, e converto, com performance e vendas unidos, retendo clientes. Você só faz isso muito bem se tiver métodos e processos que garantam um update de quem é seu público alvo. Esse movimento está mais forte em startups e grandes corporações, mas para pequenas e médias empresas brasileiras esse conceito é muito distante da realidade por algumas razões. O empreendedor médio mal faz um plano de marketing, vendas ou planejamento estratégico de crescimento. Mal consegue ter um setor de marketing eficiente, quem dirá pensar em um bom branding. Temos que saber adaptar essas tendências a uma realidade que caiba no bolso e na política orçamentária da empresa e que traga os resultados esperados.
M&M – A possibilidade de automatizar processos, na relação marcas e consumidores, tem contribuído para o nascimento de novos empreendimentos?
Carolina – Automatização de processos, principalmente ligando o varejo ao consumidor final, é uma tendência. Obviamente, hoje, há várias startups focadas em melhorar os processos entre o varejo e o consumidor final, ao elevar a experiência de e-commerce, ao ter conhecimento sobre várias soluções que agregam o comportamento do consumidor, ao trabalhar dados dentro dos sites, ao avaliar o comportamento do consumidor, ao diminuir o tempo de busca e ao propor um atendimento que faça mais sentido. Acredito que esse seja o caminho, startups absorverem funções que devem ser, cada vez menos, manuais e, sem dúvida, é o que a inteligência artificial vem criando, tornando esse caminho mais possível. A ideia é que, com o tempo, possamos pegar esses colaboradores e liberar tempo, para que eles foquem em como ser funcionais, criativos e inovadores, resolvendo problemas e não tão focados em funções operacionais que, muitas vezes, não agregam tanto valor. Se você comparar essas automatizações, elas geram valor, informação e liberam colaboradores para outras atividades que demandam mais energia.
*Crédito da foto no topo: Nick Collins/Pexels
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