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Beauty techs focam no pouco digitalizado mercado de beleza brasileiro

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Beauty techs focam no pouco digitalizado mercado de beleza brasileiro

Empresas que unem o segmento a tecnologia, como UAUBOx e B4A, usam dados e machine learning para entregar experiência; Brasil é, atualmente, o quarto maior país do mundo em consumo do setor

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3 de outubro de 2022 - 12h40

Após alta registrada durante a pandemia, o mercado de beleza brasileiro continua crescendo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor cresceu 6,5% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2021. O Brasil é, atualmente, o quarto maior país do mundo em consumo de beleza, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão, de acordo com a Euromonitor International.

Nesse contexto de crescimento, grandes empresas de beleza como L’Oréal e Natura tem investido em inovação e tecnologia. Porém, além das gigantes, novas empresas, como startups, têm surgido com esse foco, de unir beleza e tecnologia. São as chamadas beauty techs.

 

Beauty techs unem dados e machine learning para entrega experiência personalizada para os consumidores

Beauty techs unem dados e machine learning para entregar experiência personalizada aos consumidores (Crédito: Imageflow/shutterstock)

Uma dessas startups é a Beauty For All (B4A). Fundada em 2017 pelo empreendedor alemão Jan Riehle, a beauty tech nasceu da aquisição da Glambox, clube de assinatura feminino de cosméticos, e da Men’s Market, dedicada ao público masculino. O foco da empresa, portanto, é o e-commerce de beleza. No ano passado, o faturamento da companhia foi de R$ 75 milhões e, nos primeiros três meses deste ano, alcançou R$ 90 milhões. Com pouco tempo no mercado, a startup já atraiu investimentos milionários. Em maio deste ano, a B4A captou, em rodada, R$ 30 milhões, liderada pelo fundo de private equity DXA. “O mercado brasileiro de beleza ainda é pouco digitalizado e tem muito espaço para crescimento. Em outras palavras, trata-se de um país com potencial gigantesco a ser explorado. Por essas razões, empresas como a B4A, que tem a capacidade de digitalizar o mercado de beleza, estão atraindo a atenção de investidores. Que têm percebido que as soluções que oferecemos estarão presentes no futuro”, pontua Riehle.

Machine learning e reconhecimento facial
Outra beauty tech que tem crescido no mercado brasileiro é a UAUBox. Fundada em 2018 por Guilherme Brunhole, a empresa fechou 2021 com faturamento de R$ 25 milhões. A startup funciona no modelo de boxes por assinatura. Desde seu lançamento até agora, a startup jé entregou mais de quatro milhões de boxes personalizadas e 600 mil produtos de beleza. “Em 2018, quando fundamos, era muito focado em sistema de recomendação baseado no estilo Netflix, Spotify. Mas, agora, temos muito mais tecnologia do mundo de beleza e de tech, em geral, que facilita para fazermos experiências muito incríveis”, comenta Brunhole.

A empresa utiliza machine learning para personalizar as suas boxes. Até então era preciso responder a um questionário para receber uma caixinha de beleza com os produtos específicos para cada pessoa. A partir de 2023,  será preciso apenas tirar uma foto. A beauty tech implementará ferramenta de reconhecimento facial em sua plataforma para diminuir o número de perguntas do questionário de beleza das assinantes. “Através de uma foto, conseguimos identificar o tom de pele, acne, olheira, o tom do cabelo, o tipo da pele, tudo isso. Imagina o tanto de coisa que tem por detrás e o quanto que isso gera de experiência?”, ressalta o CEO e fundador da startup.

Para proporcionar a melhor experiência de personalização para os assinantes, a UAUBox precisa dos dados. Os dados são o principal alicerce da beauty tech. Com as recentes discussões a respeito da privacidade de dados e da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Brunhole enfatiza que a startup não compartilha os dados dos assinantes com terceiros e permite que, a qualquer momentos, esses dados sejam excluídos, se isso for da vontade dos consumidores.

Os dados também são fundamentais para a B4A. Tanto o Glambox quanto o Men’s Market, utilizam a própria plataforma da empresa, a B4A Connect, com tecnologia própria para levantar características de cada consumidor. Para isso, utiliza algoritmos de machine-learning e do Google Alloy, um database-as-a-service (DBaaS) de código aberto, compatível com PostgreSQL, que é sistema gerenciador de banco de dados objeto relacional. “O algoritmo Glam match (algoritmos de matching são baseados na comparação sintática de atributos que podem ser implementados através da comparação de um único atributo, geralmente o identificador ou o tipo do serviço, ou de vários atributos) utiliza todos os dados que a plataforma coleta ao longo do tempo de relacionamento com o consumidor, como atributos físicos e preferências de consumo para fazer entrega perfeita para o perfil do cliente. Além disso, a plataforma coleciona feedbacks mensais e, assim, melhora o fit da entrega e das recomendações de produtos ao longo do tempo”, explica o fundador, Riehle. “Considerando, de modo simples, que as beauty techs são empresas que unem tecnologia e beleza, acredito que não exista limite tangível ou traçado para elas”, ressalta Riehle.

Empresas tradicionais de beleza que não se digitalizarem terão, inevitavelmente, que fazer isso em algum momento, segundo Riehle, ou serão substituídas pelas beauty techs. “As beauty techs ainda têm muito a se beneficiar dos gadgets e da revolução que a internet das coisas (IoT) trará ao mercado”, complementa. Brunhole, da UAUBox, também entende que há espaço para crescimento, ainda mais no caminho da criação de experiências mais individualizadas, da chamada “hipersonalização”.

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