Personas sintéticas simulam razão e emoção do consumidor
Perfis virtuais simulam comportamento e permitem testar campanhas, produtos e mensagens antes do lançamento

Personas sintéticas permitem simular reações emocionais e racionais a campanhas, embalagens, preços, slogans e experiências de compra (Crédito: Omelchenko/Shutterstock)
A inteligência artificial (IA) tem várias aplicações, inclusive na criação de personas sintéticas.
Que são perfis virtuais com dados reais que simulam comportamentos, opiniões e reações de públicos específicos.
De acordo com Lucas Pestalozzi, sócio e head de Inovação da HSR Specialist Researchers, esses perfis permitem que empresas testem campanhas, produtos e mensagens antes de lançá-los.
A base para isso são dados simulados que refletem padrões que se observam em consumidores reais.
A HSR anunciou, recentemente, a aquisição de participação na startup Galaxies, que se especializa em personas sintéticas.
O que são personas sintéticas?
As personas sintéticas são indivíduos virtuais os quais se constroem a partir de grandes volumes de dados.
Esses dados são, principalmente, zero e first-party data, que coletam informações por pesquisas quantitativas e que se enriquecem com qualitativas.
Assim, algoritmos de IA identificam padrões de decisão e comportamento e criam perfis que podem variar em sofisticação e função.
Essas variações incluem, por exemplo, teste de comunicação, produto, posicionamento ou simulação da jornada do consumidor.
Contudo, nos modelos da Galaxies, uma persona só é válida se atingir 80% de acuracidade em relação a respostas reais.
Dessa forma, cada persona tem objetivo específico e validade temporal e representa de forma precisa o público-alvo para o período e contexto definidos.
Portanto, a robustez dos dados e a metodologia do algoritmo são fatores centrais para garantir a consistência dos perfis, que não usam dados públicos, e sim informações de acordo com cada projeto.
Como são usadas?
O uso das personas permite simular reações emocionais e racionais a campanhas, embalagens, preços, slogans e experiências de compra.
Assim, tudo isso auxilia nas decisões de marketing, desenvolvimento de produtos e comunicação.
Dessa forma, as interações seguem modelo conversacional e fornecem insights sobre clareza de mensagens, preferências de canais, barreiras cognitivas e expectativas dos consumidores.
Entre as vantagens, diz Pestalozzi, dá para testar múltiplos cenários , reduzir custos operacionais e integrar a análise com outras ferramentas da HSR.
“A tecnologia ajuda a reduzir lacunas de informação, aumentar a assertividade de decisões e acelerar processos, permitindo que diferentes profissionais tenham acesso a dados de comportamento do consumidor, não apenas analistas ou cientistas de dados”, destaca.
O porta-voz reforça que o uso exige atenção à ética e à governança de dados.
Medidas de segurança como criptografia, controle de acesso e monitoramento contínuo, portanto, estão em conformidade com a Lei Geral de Privacidade de Dados (LGPD) e a GDPR, que é a LGPD europeia..
“Também aplicamos práticas de validação, como deep eval e guardrails, para garantir que as respostas estejam alinhadas com dados reais e reduzir vieses ou erros da tecnologia”, explica.
Empresas como Nestlé, Magalu, O Boticário, Bradesco Seguros e Meta já utilizaram a tecnologia para validar campanhas, avaliar experiências de produtos e simular jornadas de consumo.
Cenário brasileiro e tendências
Pestalozzi destaca que, no Brasil, a adoção de personas sintéticas ainda está em fase inicial, mas apresenta crescimento.
Portanto, os setores que devem se beneficiar primeiro incluem marketing e comunicação, desenvolvimento de produtos, varejo e consumo, serviços financeiros e tecnologia.
“Entre as tendências estão a integração entre IA generativa e metodologias híbridas, a personalização de personas e o desenvolvimento de cidades sintéticas, simulações em larga escala que consideram múltiplos elementos de comportamento e interação de consumidores”, afirma.