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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Autenticidade e vulnerabilidade: o novo padrão de beleza da Geração Z

Marcas precisam ter responsabilidade e apoiar discursos de aceitação em campanhas, se genuinamente desejam vender e se conectar com os novos consumidores


11 de março de 2025 - 11h17

Você já se perguntou o motivo de valores como transparência e autenticidade estarem se tornado cada vez mais fundamentais para a nova geração de criadores de conteúdo e consumidores, principalmente da Geração Z, pessoas de 15 a 29 anos? Esse assunto foi abordado durante o painel Breaking through the Filter: Redefining Beauty in the Digital Age, no evento SXSW, em Austin, nos Estados Unidos.

O debate girou em torno de questões envolvendo autoimagem e o impacto da mídia social na forma como as pessoas compartilham suas vidas na internet hoje em dia. Neste sentido, o painel trouxe uma grande reflexão sobre como a Geração Z passou a valorizar conteúdos mais reais e consequentemente menos idealizados, prezando pela transparência e pela verdade.

A criadora de conteúdo Fernanda Gimenez compartilhou sobre como essa mudança impactou a sua trajetória, declarando que uma boa parte das pessoas está cansada da perfeição, porque no final do dia, não é real. Ela revelou que antes era difícil ficar mostrando um mundo perfeito nas redes sociais e se deparar com a própria realidade depois, e por isso, está feliz que as pessoas estão mudando essa mentalidade.

Assim como Fernanda, muitos criadores também foram impactados, visto o movimento crescente de postar conteúdos com a ‘cara limpa’ – no TikTok, a #nofilter tem 6M de publicação e a #nomakeup têm 1.8M. Porém, é importante ressaltar que não atingiu a todos, que continuaram com o uso exagerado de filtros e maquiagem, contribuindo para disseminação de padrões irreais a serem seguidos, o que estimula a comparação entre as pessoas e o sentimento de inadequação.

Além disso, a pressão por engajamento e a necessidade de postar constantemente ainda são tópicos que afetam muitos criadores de conteúdo, pois na ânsia de querer ter destaque ou aparecer, fazem de tudo – até fingir uma vida perfeita – para conseguir seguidores, que percebem quando os posts não são genuínos. Geralmente, tal atitude tem efeito contrário e faz com que o público se afaste, ao invés de aproximar.

Outro ponto discutido foi a relação dos criadores com marcas e como a transparência impacta colaborações. Fernanda relatou que já recusou campanhas porque queriam que dissesse que um produto curaria acne, quando não era verdade. Ela destacou que se não acredita no que está promovendo, prefere não fazer, o que demonstra que creators não são apenas nichos e que o conteúdo que criam vai além de uma simples categoria, sendo parte das camadas da identidade de quem são.

Por essa razão, penso que é essencial que marcas tenham responsabilidade e apoiem discursos de aceitação em campanhas, se genuinamente desejam vender e se conectar com os novos consumidores, como a Geração Z e Alpha. E é possível fazer isso com ações simples: evitando retoques excessivos e maquiagem pesada, promovendo corpos reais e imagens autênticas e combatendo padrões inatingíveis de beleza.

Por outro lado, quando uma marca erra em algum desses quesitos e comete equívocos em campanhas ou ações, o ideal é assumir e propor estratégias para consertar o que foi feito. A partir do momento em que uma marca está sendo “cancelada”, não adianta querer esconder comentários ou apagá-los, pois a Geração Z percebe esse movimento e só comenta mais, evitando que sua insatisfação seja censurada.

Essa busca cada vez maior por transparência e conexão também reflete no tipo de conteúdo consumido pela Geração Z. Segundo a pesquisa ‘Quem influencia a Geração Z?’, realizada pela Trope (consultoria de Geração Z e Alpha da qual sou fundador) em parceria com a YOUPIX, 55% da GenZ é motivada a postar nas redes sociais para que possam expressar opiniões, sentimentos e vivências. Tal motivação explica o sucesso dos ‘dailys’ – formato em que criadores compartilham o dia a dia de maneira orgânica.

Dados da pesquisa apontam que no último ano, mais de 2 milhões de postagens foram feitas com a hashtag #daily, e 419 mil perfis postaram ativamente nesse formato. O crescimento desse tipo de conteúdo reforça a ideia de que a autenticidade é o que engaja a nova geração, aproximando os criadores de conteúdo de suas audiências de forma genuína. Companhias precisam verdadeiramente ouvir os novos consumidores da GenZ e Alpha se ainda quiserem se manter relevantes e obterem lucro.

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