Desmistificando a Inteligência Artificial: Entre o Medo e a Revolução dos Negócios
No SXSW 2025, Sandy Carter desconstrói mitos e mostra como a AI já está moldando o presente e o futuro das empresas e da sociedade
No SXSW 2025, Sandy Carter desconstrói mitos e mostra como a AI já está moldando o presente e o futuro das empresas e da sociedade
14 de março de 2025 - 12h00
O SXSW 2025 trouxe, mais uma vez, um olhar aprofundado sobre o impacto da inteligência artificial nas organizações e na sociedade. Em meio a dezenas de painéis sobre o tema, uma palestra se destacou ao trazer clareza sobre a real evolução da AI e seu impacto nos negócios. Sandy Carter, COO e fundadora da Unstoppable Domains, voltou ao evento para desmistificar crenças erradas e mostrar como essa revolução pode ser conduzida de forma estratégica e eficaz.
Estamos vivendo um momento de transição. A AI ainda não é perfeita, mas sua evolução avança a passos largos, muito além do que se imaginava há dois anos. O que antes parecia ficção científica já está integrado ao nosso cotidiano: da Netflix, que utiliza AI para personalizar sinopses e recomendações, às empresas que apostam bilhões na tecnologia. A McKinsey estima que, até 2030, os investimentos globais em AI chegarão a US$ 13 trilhões, mudando drasticamente o panorama econômico.
Os impactos vão muito além da automação de tarefas básicas. Hoje, 80% dos atendimentos de call centers já são realizados por inteligências artificiais, deixando os casos mais complexos para a intervenção humana. Mas essa mudança não elimina empregos — ela redefine funções. Carter lembrou que 60% das profissões atuais sequer existiam nos anos 1990. A AI não substitui pessoas; ela expande capacidades e cria novos mercados. A previsão da McKinsey é que a maior parte dos empregos será mantida, mas com novas formas de execução.
Outro conceito emergente que está remodelando o mercado é a fusão entre AI e quantum computing, uma tecnologia que promete ser um divisor de águas na velocidade e precisão da análise de dados. Para as empresas, isso significa decisões mais ágeis, insights mais profundos e uma capacidade inédita de prever tendências e comportamentos. O desafio, no entanto, ainda está na confiança. Carter apontou que muitas pessoas ainda duvidam da AI e de sua confiabilidade. A internet já foi inundada por imagens geradas artificialmente, como o famoso “Papa de jaqueta fashion”, e a dificuldade em diferenciar o real do sintético alimenta o ceticismo.
Nesse cenário, o conceito de crowd-generated AI surge como uma tendência essencial para o futuro. A capacidade de coletar e processar dados de maneira descentralizada pode tornar a AI mais democrática e acessível, possibilitando que empresas e usuários colaborem ativamente na construção de modelos mais eficientes e relevantes. Além disso, tecnologias como Generative Engine Optimization (GEO) estão transformando a forma como conteúdos são criados e distribuídos. Se o SEO foi a grande revolução digital da última década, o GEO promete ser a próxima onda, otimizando a produção de conteúdo para inteligências artificiais, impactando diretamente estratégias de marketing e engajamento.
Outro ponto de atenção é a ascensão da Agentic AI, um novo paradigma em que sistemas de inteligência artificial operam de forma autônoma, tomando decisões estratégicas e agindo com maior independência dentro das organizações. Esse modelo já começa a ganhar espaço, e as empresas que souberem aplicá-lo sairão na frente. Para exemplificar essa integração entre AI e desempenho humano, Carter trouxe o case do Golden State Warriors, que já utiliza robôs nos treinos para aprimorar a performance dos atletas. Um exemplo claro de como a colaboração entre tecnologia e humanos pode elevar o nível de qualquer setor.
Mas como dar o primeiro passo diante de um cenário tão complexo? Segundo Carter, a chave está na experimentação. As mudanças não precisam ser massivas desde o início. “Você não mudará se não começar com pequenas coisas no dia a dia”, reforçou a palestrante. O caminho para a adoção da AI deve ser baseado em testes, ajustes e aprendizados constantes.
A palestra foi concluída com uma provocação essencial: a AI não é apenas uma tendência passageira, e sua implementação não precisa ser um processo longo e complexo. Na verdade, estamos entrando em uma era onde o acesso à AI será tão democrático que qualquer pessoa poderá desenvolver suas próprias soluções com ferramentas no-code e multimodais. O segredo está na forma como cada empresa e profissional se adaptará a essa nova realidade.
O SXSW 2025 reafirma que a AI não é o futuro — é o presente. Resta às empresas decidirem se querem liderar essa transformação ou apenas reagir a ela.
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