O que esperar do maior evento de tecnologia do planeta

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Opinião

O que esperar do maior evento de tecnologia do planeta

O propósito é menos sobre a próxima inovação tecnológica e mais sobre nossa condição humana de lidar com tudo que já está aí e quais são os cenários possíveis


1 de novembro de 2022 - 13h30

A maior conferência de tecnologia do planeta se aproxima de mais uma edição e a ansiedade já me consome. Eu acompanho a Web Summit desde a sua chegada a Portugal tendo o evento com um dos principais milestones para quem vive a cultura da inovação e se preocupa em buscar cenários para futuros desejáveis, este ano potencializado também pela sua chegada ao Brasil no próximo ano.

Mas muito mais que discutir a tecnologia por si só, a conferência tem discutido os seus impactos em todos os níveis, sociais, ambientais e governamentais. Foi na Web Summit que nasceu a GDPR após anos de discussão sobre o poder dos dados, mas nas mãos de poucos grandes players, que os tecnocratas começaram a ter que se justificarem por seus erros e prestarem contas de suas ações, que denunciantes expuseram a fragilidade de algoritmos e a má intenção de gananciosos pelo poder.

Na edição do ano passado, a primeira após a pandemia, podemos sentir algo como um turning point que se repetiu em quase todos os eventos de inovação desde então e tenho discutido sempre, a tecnologia está da pele para dentro. O propósito é menos sobre a próxima grande inovação tecnológica e mais sobre a nossa condição humana de lidar hoje com tudo que já está aí e quais são os cenários possíveis nos nossos futuros.

Voltando a sua capacidade máxima o evento está sold out, com cerca de 70.000 atendentes diários, visitando as mais de 2600 startups que se inscreveram no programa para além de mais de 1000 investidores. O evento também cresceu em conteúdo em suas 26 trilhas e nove palcos, com mais de 35 temáticas, das mais massivas às mais específicas.

Exatamente um ano atrás o Facebook mudava de nome e usava o evento para explicar o que seria o Metaverso, uma das palavras mais discutidas neste ano, mas que agora abre uma discussão muito mais filosófica do que técnica cabe a nós, que estaremos reunidos, entender e replicar o que será a construção deste novo mundo e como ele muda as fronteiras da experiência dos usuários – aliás deixo aqui uma primeira recomendação do conteúdo pois teremos Herman Narula, autor do livro Virtual Society, que discute justamente esse ponto.

Não há nova tecnologia que se sustente sem um olhar para a construção de uma base social. Justamente isso que empodera o discurso da Web3 nos colocando como membros desta co-criação de tudo que está aí. Ferramentas colaborativas, a força das NFTs, o futuro das cryptos, estão entre as expectativas para esta edição.

A cerimônia de abertura do evento, intriga pelo destaque dado ao founder e CEO da Binance, Chanpeng Zhao, mas talvez faça sentido por um ano que expôs a fragilidade que muitos não visualizam nas moedas digitais, entender esse mercado na ótica de uma dos principais players nos leva a esse evento, assim como Lisa Jackson, VP de Enviroment da Apple, o que mostra o que falava pouco antes, o impacto das big techs nos ecossistemas e comunidades.

O primeiro dia a valer do evento minha dica é o talk – The future of OnlyFans: Who we are and where we’re going com Ami, como é conhecida Amrapali Gan – CEO do OnlyFans no talk a plataforma de subscrição de conteúdo de usuários, nomeada pela Time para sua lista 100 rising stars, creditando a ela por simultaneamente expandir a plataforma e torná-la mais segura. Entender a popularidade da plataforma que continua crescendo e os novos modelos de monetização de conteúdo de creators é essencial para estarmos ativos nesta nova economia.

O dia 2 do evento, traz como destaque poderosas discussões com importantes stakeholders do marketing global no palco Pand Conf, destacando aqui a não batalha entre a Inteligência Artificial e a criatividade humana, com Alex Collmer, CEO da VidMob abrindo a caixa preta da criatividade e empoderando os decisores de marcas. Não posso deixar de destacar o carismático Brad Smith, presidente da Microsoft e um dos maiores guerreiros na guerra contra a nossa dependência ao carbono, invocando a tecnologia, novas ferramentas e habilidades para inverter essa curva.

Por fim, o terceiro e último dia do evento traz como destaque Naomi Gleit, head of product da Meta trazendo o próximo passo do Metaverso e como ele impacta o futuro da internet, lançando o questionamento se é uma evolução ou se irão coexistir. Com muito orgulho para nós brasileiros, esse dia também nos reserva André Stein, CEO da EVE Air Mobility, companhia de origem brasileira como startup acelerada pela Embraer-X e que hoje lidera a corrida sobre a mobilidade aérea em curtas distância, tanto prometida nas edições anteriores do evento e que já é realidade.

Estaremos em Lisboa, liderando a Missão do Institute for Tomorrow em parceria com a Abedesign que reúne mais de 30 profissionais de alto nível, promovendo conversas inspiradoras e podendo trazer a vocês aquilo que chamo de democratizar o privilégio que temos de estar presentes em eventos como esse. Convido a vocês a estarem comigo e todos os colunistas do Meio & Mensagem, pois a visão diversa preenche gaps de percepção e faz com que você construa a sua própria opinião.

Afinal, desenhar futuros é um desafio inclusivo, para muitos, e queremos todos juntos nesta missão, pois tenho certeza de que ele pode ser incrível, como desenharmos, depende só de nós e do nosso primeiro passo amanhã.

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