Copa do Mundo de Clubes, negócios, Marta e talento feminino
Campeonato tem sido palco de ativações de marcas, patrocínios, investimentos e protagonismo de jogadores e times brasileiros
Copa do Mundo de Clubes, negócios, Marta e talento feminino
BuscarCampeonato tem sido palco de ativações de marcas, patrocínios, investimentos e protagonismo de jogadores e times brasileiros
26 de junho de 2025 - 9h34
(Crédito: Agência Brasil)
Poucas plataformas são tão poderosas quanto o futebol.
O Mundial de Clubes da Fifa 2025, como era de se esperar, tornou-se um dos maiores palcos para ativações comerciais e estratégias de branding de marcas.
Com dez patrocínios oficiais (Airbnb, Bank of America, Hisense (eletrodomésticos), Budweiser, Coca-Cola, Lenovo, Betano, Public Investment Fund, Qatar Airways e Visa), cada um avaliado em torno de US$ 100 milhões, o campeonato traz uma projeção recorde de publicidade, direitos de transmissão e bilheteria. Além disso, um lugar especial: a cocriação do troféu da competição é de ninguém menos que a Tiffany & Co.
Como vocês veem, marcas dos mais diversos segmentos e novos players que indicam um interesse geopolítico e comercial no evento.
Esse novo formato do torneio, com mais jogos e clubes de todos os continentes, naturalmente aumentou o volume de oportunidades de marketing e a exposição global das marcas.
Gosto de ver como o negócio está girando em torno disso. Como publicitária, quero saber como cada marca está explorando o patrocínio, sobretudo as marcas internacionais, que têm a oportunidade de falar com muitas audiências ao mesmo tempo. Só para citar um exemplo, a Bud está ampliando sua presença investindo naquilo que as cervejas sabem fazer muito bem e que combina lindamente com a ocasião: experiências de consumo e ativações físicas para engajar torcedores mesmo fora dos EUA.
Os clubes também são marcas. E marcas fortíssimas, como sabemos. Os brasileiros – Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense – também estão promovendo ativações nos EUA, criando espaços interativos para torcedores, eventos promocionais com patrocinadores e experiências exclusivas, visando a internacionalização de suas marcas e o fortalecimento do relacionamento com parceiros comerciais.
Quer vitrine melhor que essa? Ainda mais quando os times brasileiros estão no seu momento “sensação”, desdenhado pela imprensa europeia, o que acho um excelente resultado. Estão incomodando. Com razão ou não, ver nossos times jogando bem e sendo assunto é muito bom para o nosso futebol como um todo, e não estou falando de ego. Apenas. Estou falando de desenvolvimento. É fundamental os times brasileiros terem a visão de que podem ser protagonistas e referências globais. Por que não? Nossos jogadores, incluindo Marta, sempre foram.
A transmissão dos jogos também sempre é alvo de grandes investimentos, estando no primeiro tier das linhas de receita. Como broadcaster, a plataforma DAZN assinou um contrato de US$ 1 bilhão para exibir os 63 jogos do torneio, ampliando o alcance global e permitindo sublicenciamento em mercados locais, inclusive no Brasil. Essa estratégia visa não só ampliar a audiência, mas preparar o terreno para a Copa do Mundo de 2026, também nos Estados Unidos, além de México e Canadá. Gosto de coisas pensadas com visão estruturante.
Sinceramente, torço para que a Fifa consiga estabelecer esta Copa como um evento de grande engajamento mundial daqui pra frente, por todas as razões que citei acima e outras mais. É um motor de negócios. É o momento em que o esporte que pode nascer na várzea se vê na elite mundial, trazendo resultados comerciais e reputacionais para as marcas e para toda a cadeia envolvida, feita por pessoas, dentro e fora do campo.
É uma Copa diferente da Copa de seleções mundiais. Os clubes representam comunidades. Cada torcida de futebol é assim, e acho super bacana várias comunidades do Rio de Janeiro, de São Paulo e outras espalhadas Brasil afora se verem representadas num cenário global. Vocês podem dizer “Ah, os mundiais sempre reuniram times, qual a diferença deste?”. A diferença é justamente o que se fazia antes e o que se faz agora com isso, como alguns exemplos já expostos acima. A começar pela própria campanha da Fifa, que já foi bem diferente. A audiência televisiva já alcança 105 milhões de brasileiros este ano versus 50 milhões em 2023.
Vocês devem estar se perguntando por que razão resolvi falar de futebol aqui neste espaço Women To Watch. Primeiro, pelo óbvio: chega dessa história de que futebol é só para os homens. Não é. Segundo, negócios e dirigentes de marketing também não têm gênero definido, como bem sabemos. E eu adoro futebol, como vocês devem ter notado.
Para quem não sabe, torço para o Vitória (time de Salvador), cujo estádio tem o nome do meu avô, Manoel Barradas, conhecido como Barradão. Que eu me lembre, seu amor pelo futebol foi a primeira manifestação de paixão que compreendi na vida.
O Vitória, para mim, é um bom exemplo de como quando uma marca faz sentido pra gente, se ela nos representa, a gente se mantém fiel. Ele fala sobre minha terra, sobre minha história, sobre um sentido de pertencimento, sobre um sentimento de união com um monte de gente que eu nem conheço, mas que me faz abrir um sorriso no rosto quando estou em São Paulo e passo por alguém usando a camisa do Vitória. Acontece, viu?
Por fim, quero falar sobre a Marta, de quem sou fã, como acredito que todo mundo que gosta de futebol é. Minha camisa da seleção é azul (acho mais bonita que a amarela) e é a número 10, com o nome “Marta”. Uma mulher que mostra que, assim como na política ou nas empresas, a visibilidade de talentos femininos é fundamental para inspirar novas protagonistas, que podem ocupar quaisquer espaços profissionais quando há talento, garra e oportunidade.
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