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Luanna Toniolo: aquilo que somos e aquilo queremos ser

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Luanna Toniolo: aquilo que somos e aquilo queremos ser

Conheça a trajetória da CEO da Troc, um dos maiores brechós do país

e Carol Scorce
30 de maio de 2023 - 11h17

Apaixonada por moda, Luanna mudou de rota para fundar a Troc (Crédito: Divulgação)

É difícil definir o momento exato em que uma chave vira na vida de alguém. Talvez essa ideia de chave virando seja apenas uma forma de materializar o momento em que várias coisas se confluem, pequenas fontes brotadas ao longo de toda uma vida, como o delta de um rio, e de repente os caminhos ficam perfeitamente nítidos. 

Luanna Toniolo tinha, no papel do destino pré-marcado, um caminho que por muito tempo a satisfez: seguir a trajetória da família sendo advogada tributarista. Se especializou, conseguiu uma bolsa de estudos em Boston. Quando Luanna se projetava no futuro, no entanto, a imagem do escritório não caía tão bem no retrato. “Eu queria algo que não estava ali”, conta. 

Ainda nos estudos nos Estados Unidos migrou para o marketing, e foi na matéria de comportamento de consumo aliada a uma outra matéria, a de sustentabilidade, que a confluência de desejos, prazeres e possibilidades foi se formando. E para entender isso precisamos voltar um pouco atrás nessa história. 

Na escola, a garota Luanna era do tipo que produzia brincos em série, todos iguais, para que toda uma equipe tivesse um padrão em uma apresentação, por exemplo. A mesma garota que surgia com a camiseta do uniforme estilizada. “Me comunicar pela moda era algo genuíno. Algo que eu fazia quando não estava fazendo nada. Ou o que eu realmente gostava de fazer. Sempre valorizei muito esse aspecto na minha vida”, se explica. 

No momento em que a fundadora e CEO da Troc, uma das mais importantes plataformas de consumo de segunda mão no mercado de itens de luxo, estava no mestrado, estudando consumo e sustentabilidade, a prática de ir à brechós para montar o guarda-roupa não era um hábito. Mas trabalhar com produção de peças novas tampouco era uma opção. Em suas pesquisas iniciais, Luanna conta que se deu conta do quão agressiva e danosa é a indústria da moda para o meio ambiente e também na cadeia de trabalho. 

A ideia de abrir um brechó fez a conta fechar. Pesquisou, voltou ao Brasil, pesquisou mais, e não teve a confiança e incentivo da família e dos amigos. O estigma sobre brechós naquela época, meados de 2016, ainda era forte. Não é preciso dizer que a falta de acolhimento inicial não impediu Luanna de seguir adiante. 

Hoje, pouco mais de seis anos depois, a Troc é uma reconhecida marca de moda circular brasileira, recentemente comprada e chancelada pelo grupo Arezzo. Luanna reconhece que o fator sustentabilidade não é a primeira coisa a mobilizar seus clientes, mas a oportunidade de ter uma peça que não conseguiria comprando ela nova, diretamente da marca, mas, mesmo assim, está convencida que a moda circular é um caminho sem volta e com muitas possibilidades de crescimento no Brasil. 

“Hoje a Troc faz um trabalho importante de falar sobre moda circular, consumo de segunda mão. Investimos muito em comunicação sobre sustentabilidade, e acreditamos que essa tomada de consciência é o caminho mais seguro para consolidarmos uma ideia de moda justa, alinhada com uma perspectiva de vida que envolve não só ter algo, mas o que somos de fato, ou aquilo que queremos ser.”

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