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Quando a ficção rompe a tela e vira movimento

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Opinião

Quando a ficção rompe a tela e vira movimento

Quando Lucimar, personagem da novela Vale Tudo, entrou com o pedido de pensão para o filho, não foi apenas dramaturgia, foi espelho


21 de maio de 2025 - 12h11

(Crédito: Divulgação)

A cena era de novela, mas o impacto foi de vida real. Quando Lucimar, personagem da trama Vale Tudo, entrou com o pedido de pensão para o filho, não foi apenas dramaturgia, foi espelho. Interpretada por Ingrid Gaigher, Lucimar tocou um ponto sensível e urgente: o abandono paterno e a sobrecarga das mulheres na criação dos filhos.

O reflexo foi imediato. Segundo a Defensoria Pública, o aplicativo da instituição registrou 4.500 acessos por minuto logo após a exibição do capítulo. Em apenas uma hora, 270 mil mulheres buscaram informações sobre o direito à pensão alimentícia. Um número que não apenas impressiona, mas escancara uma realidade crua e cotidiana no Brasil: mulheres arcando sozinhas com responsabilidades que deveriam ser compartilhadas.

“Recebi uma mensagem da Defensoria e fiquei emocionada. Isso mostra o poder que a novela tem no Brasil”, disse Ingrid. E ela tem razão. Em um país onde o entretenimento ocupa papel central na formação de opinião e mobilização popular, a teledramaturgia tem um alcance que muitos discursos institucionais não conseguem alcançar.

Lucimar é ficção, mas o problema que ela representa é cruelmente real. A inadimplência da pensão alimentícia não é apenas um descaso jurídico, mas uma forma de violência econômica que perpetua a desigualdade de gênero e empurra, mais uma vez, o peso do cuidado para as costas das mulheres.

O que vimos não foi apenas o poder da dramaturgia, mas o grito silencioso de milhões de brasileiras ecoando por meio de uma personagem. É sobre a urgência de políticas públicas mais eficazes, é sobre responsabilização, é sobre romper o ciclo de impunidade e abandono.

E, acima de tudo, é sobre usar o poder da comunicação, seja na ficção ou na vida real, para transformar o que ainda é invisível em pauta. Que Lucimar seja lembrada, não apenas como uma personagem, mas como um ponto de virada. Porque enquanto a novela termina em aplausos, a vida real das mulheres brasileiras ainda clama por justiça.

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