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Comunicação

Opinião: Consumo brasileiro versão 2016

Além de temporária e econômica, a crise será mais uma etapa essencial para o crescimento do País


23 de dezembro de 2015 - 9h00

(*) Por David Laloum

Consumidores recuando pela primeira vez na última década. Quase nenhuma empresa entregando os resultados planejados, e pouca clareza sobre o horizonte de 2016.

Os lares mais pobres não podem mais fazer empréstimo, os lares com mais dinheiro não se sentem mais ricos.

Uma de cada cinco famílias brasileiras estará integralmente desempregada neste Natal, e o desemprego jovem passando de menos de 10% para quase 20% em um ano. Estamos chegando em patamares europeus…

Mas essa situação vai passar. E as pessoas voltarão a crescer. Porque esse país ainda é jovem, tem muitos recursos, muita demanda reprimida, e acima de tudo a economia é feita de ciclos.

O que estamos vivendo desde 2014 e viveremos no mínimo até o fim do ano que vem terá impactos importantes sobre o mindset dos brasileiros.

Estamos observando o início de uma mudança profunda nos comportamentos. Os hábitos evoluem. A normas mudam.

Os americanos usam o termo new normal para definir um comportamento novo que acaba se estabelecendo como norma depois de um acontecimento.

Mas no caso do Brasil, isso não tem só a ver com gastar menos, controlar o impulso, economizar.

Sim, acabaram as filas nos restaurantes às terças e quartas-feiras. Acabaram os fins de semana em Miami. Acabaram as compras desenfreadas como sinônimo de ascensão social. Acabaram as empresas ricas mais relapsas em relação à gestão.

Mas também, começaram pensamentos mais disruptivos, mais criativos num ambiente mais desafiador. Isso é fonte de novos valores, com uma visão mais sustentável e um comportamento mais consciente.

Isso tem muito a ver com o momento do nosso país. E uma maneira simples de definir o caminho a ser seguido é: da quantidade para a qualidade. Esse é o principal drive para os próximos anos no Brasil.

Como o País ainda é imaturo, ele tem de se qualificar. Do excesso ao equilíbrio. Do volume aos valores. Dos produtos e serviços básicos a ofertas mais inteligentes. Do faturamento a qualquer preço para a rentabilidade.

Estamos falando de uma mudança de paradigma essencial da economia brasileira: do crescimento extensivo ao crescimento intensivo.

Sim, existe ainda bastante demanda básica e orgânica, mas o grosso do crescimento futuro do nosso país passará pela qualificação.

Estamos ficando mais conscientes. Mais inteligentes. Conscientes de que os padrões de sucesso não são trajetórias meteóricas fictícias de zero a bilhões em patrimônio em poucos anos. Conscientes de que comportamentos éticos valem muito mais do que passar um Natal longe de sua família num cômodo de 6 metros quadrados.

Conscientes de que almoçar por R$ 150 não é necessário, e não nos deixa mais felizes. Conscientes de que cozinhar é bom. De que fazer contas não é uma fraqueza.

Conscientes de que o entusiasmo é diferente da compulsão. Conscientes de que o status quo é menos gratificante e menos remunerador do que a mudança.

Este 2015 foi um ano-chave na mudança do mindset dos brasileiros. E mesmo recuando economicamente, avançamos sociologicamente. Estamos revendo modelos, conceitos, comportamentos, pensamentos que só nos fortalecerão nos próximos anos. O esforço é grande porque, além de recuar, estamos nos questionando muito. Mas o benefício é maior ainda.

A cena política está contaminada por paralisia, confusão e temas de corrupção. Enquanto isso, o brasileiro, como pessoa e como empresário já está fazendo as suas reformas. De valores.

E o nosso cérebro não voltará ao que era antes. Isso não é uma mensagem positiva ou motivacional. Até porque esta mudança trará uma complexidade maior para as empresas. As pessoas vão exigir mais qualidade, mais inovação, mais serviço por um preço ajustado ao novo momento.

Esta é uma constatação de que estamos passando por um processo profundo de revisão e evolução que deixará um futuro melhor para as pessoas, para as empresas e para o País.

(*) David Laloum é COO da Y&R e escreve mensalmente para Meio & Mensagem

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